Produção de vinho moscatel deverá aumentar 10 por cento nesta vindima em Favaios, Alijó

A previsão para este ano aponta para as cerca de sete mil pipas de vinho (de 550 litros cada). A vindima ainda está a decorrer.

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Em 2021, a produção de moscatel em Favaios foi de 6.200 pipas de vinho. Este ano, deverá subir para cerca de 7.000 pipas. Adriano Miranda

A produção de vinho moscatel na adega de Favaios, em Alijó, deverá registar um aumento na ordem dos 10 por cento nesta vindima, num ano em se prevê uma quebra global na Região Demarcada do Douro devido à seca. “A vindima ainda não fechou, já ultrapassámos os valores do ano passado e, por isso, a perspectiva é de aumentar, pelo menos, 10 por cento, a produção de uva moscatel. De alguma forma é o suporte de toda a nossa freguesia e freguesias vizinhas”, afirmou Rui Paredes, da Adega de Favaios, inserido na região do Douro e no distrito de Vila Real.

Em 2021, a produção de moscatel em Favaios foi de 6.200 pipas de vinho (550 litros cada) e a previsão para este ano aponta, segundo o responsável, para as cerca de 7.000 pipas. O ano de 2022 foi quente e seco e as previsões do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) apontam para uma quebra na ordem dos 20 por cento na colheita global da Região Demarcada do Douro, face à campanha anterior.

No entanto, o Douro é uma região heterogénea e as dificuldades não se fazem sentir de forma igual por todo o território. “No planalto de Favaios sentimos, principalmente na casta Moscatel, que vamos colher mais do que no ano passado. Estamos a falar de uma perspectiva ainda, porque não está fechado, a vindima ainda está a decorrer, está a entrar todos os dias moscatel, mas estamos a prever um aumento de cerca de 10 por cento em relação ao que foi o ano passado”, referiu Rui Paredes.

Neste ano em que a adega celebra 70 anos, o responsável prevê também uma colheita “de muita qualidade” e de “muito grau”. A chuva que já caiu em Setembro “ajudou” na colheita e também as videiras que “já estavam em muito stress hídrico”. Segundo acrescentou, este ano verificou-se que muitas videiras, principalmente novas, secaram.

“Mais uma vez o planalto demonstrou que, nestes momentos difíceis no Douro, consegue resistir e que, apesar de tudo, os solos conseguem ter alguma água e as uvas, principalmente moscatel e das outras castas brancas em geral, quando começaram a chegar à adega, ficamos surpreendidos. Muito melhores do que o que antecipámos”, afirmou Miguel Ferreira, enólogo da adega de Favaios.

As uvas mais difíceis de trabalhar, para o enólogo, foram as das videiras mais jovens. “As outras, com raízes mais profundas, conseguiram resistir e chegar em boas condições”, acrescentou Miguel Ferreira.

Rui Paredes, que é também presidente da Federação Renovação do Douro - Casa do Douro e representante da produção no conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), disse que a região do Douro é “muito polarizada”.

“Temos o Douro Superior com quebras ainda acentuadas, tudo o que é vinha não regada tem quebras acentuadas. Depois temos o Baixo Corgo com uma vindima muito razoável e que, segundo a informação que temos, vai ser algo similar ao 2021. No Cima Corgo há situações muito díspares”, frisou.

Ou seja, acrescentou, nesta sub-região, também há zonas com “quebras acentuadas”, principalmente nas zonas viradas ao rio Douro, mais baixas, em contraponto com o planalto de Alijó.

Segundo referiu, actualmente “só 10 por cento das vinhas do Douro é que são regadas”. “Se todo o Douro fosse regado, nós não tínhamos água disponível para essa rega e, por isso, essa não é a solução”, apontou.

Rui Paredes frisou que o mercado do moscatel Favaios está a expandir-se, a aposta nas exportações é cada vez maior, representando cerca de 20 por cento da produção e, por isso mesmo, a adega quer crescer e prevê um investimento na ordem dos cinco milhões de euros, a aplicar nos próximos anos, num projecto de ampliação da cooperativa.

A aposta no enoturismo também se tem intensificado e, anualmente, visitam esta adega cerca de 25 mil pessoas, muitos deles estrangeiros provenientes dos Estados Unidos da América, Reino Unido e França.

A cooperativa tem à volta de 550 associados que possuem hectares 1.100 hectares de vinha e 45 funcionários, dos quais 40 por cento são licenciados e 70 por cento mulheres.

Rui Paredes disse ainda que foram instalados, há cerca de dois anos, 575 painéis solares que permitem à adega uma “autonomia de 50 por cento” e estar, neste momento, a “diminuir gastos”.

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