Cartas ao director

A diplomacia tem limites

Mas parece que não os terá. Pelo menos a avaliar pelo comportamento dos Presidentes das Repúblicas de Portugal e do Brasil, embora com diferentes leituras por parte de cada um deles. O nosso, Marcelo Rebelo de Sousa (MRS), ateve-se até à exaustão no dever que Portugal tinha em participar - através da presença in loco da sua pessoa/cargo - na comemoração dos 200 anos da independência do Brasil. O deles, Jair Bolsonaro (JB), atem-se ao “direito”, que reclama, de dizer e fazer tudo o que lhe apetece pois “ele é como é, pensa o que pensa e está na terra dele”. Pois é, quanto ao último, isso é com os brasileiros. Agora o que não tem o direito é de usar o nosso Presidente da República “na lapela” para cometer todos os desmandos e este tem todo o direito e dever de não “comer e calar” como, infelizmente, fez. Foi patético assistir à feitura dum comício travestido em cerimónia de Estado, em que desde a auto-afirmação de virilidade de JB, até à adulteração da bandeira do Brasil, passando pela companhia dum celerado vestido a preceito (!), e ver a presença, na primeira fila, dum “assarapantado” MRS, que nada ouviu e nada viu. Senhor Presidente da República do meu país, a diplomacia tem limites.

Fernando Cardoso Rodrigues, Porto

Os mitómanos

Fernando Medina justificou a táctica do Governo do aumento das pensões com a sustentabilidade da Segurança Social. No entanto, em 2018, quando era presidente da Câmara de Lisboa, adquiriu casas para renda acessível à Segurança Social, a custo relativamente baixo. Não se lembrou então da sustentabilidade da Segurança Social. Na nota de abertura da auditoria à gestão do património da Segurança Social, diz-se que “a auditoria revelou que a gestão dos procedimentos de alienação de imóveis não maximizou as receitas da Segurança Social e que os procedimentos de controlo e monitorização dos contratos de arrendamento implementados não asseguraram a eficácia na cobrança das rendas, a recuperação da dívida e uma actuação tempestiva perante incumprimentos, em prejuízo da sustentabilidade do sistema.”

Claro que Medina criticou o relatório, mas não há desculpa. Queria fazer um brilharete com o expediente descrito. A questão da sustentabilidade da Segurança Social não passa de um pretexto para não cumprir a lei. Se não a podem cumprir deviam ser honestos e explicá-lo. Assim não. Muitas outras coisas têm sido feitas pelo Partido Socialista com o mesmo estilo.

Ferraz Gonçalves, Maia

Sugestão de quem sabe

Há dias ouvi na RTP parte de uma entrevista dada por Francisco George, médico especialista em Saúde Pública, que foi diretor-geral da Saúde de 2005 a 2017 e é certamente uma das pessoas que mais sabe sobre o funcionamento e os problemas do nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS). Ao comentar a fuga de médicos do SNS para as empresas privadas de saúde, lembrou que o Estado já tinha tido um problema semelhante, não com a saída de médicos do SNS, mas com a saída dos oficiais pilotos aviadores que, mal se apanhavam com o brevet, saíam da Força Aérea para as companhias privadas de aviação. Lembrou Francisco George que o problema foi resolvido com um contrato estabelecido entre a Força Aérea e os cadetes seleccionados para pilotos aviadores. Nesse contrato estabelecia-se que, depois de terem tirado o brevet, esses cadetes não podiam sair das Forças Armadas antes de terem cumprido 4 (ou 5?) anos na Força Aérea.

Se, a par da oportuna sugestão de Francisco George, fosse estabelecida para os médicos uma carreira profissional suficientemente compensadora, quer do ponto de vista de especializações, quer remuneratórias, estou convencido que muitíssimo menos médicos abandonariam o serviço público.

Acácio Alferes, Évora

A ‘'esmola'’ é farta e o pobre desconfia...

Quando o primeiro-ministro, com ênfase, diz: “Ninguém fica a perder”, a propósito do seu governo se comprometer em conceder um bónus de meia pensão aos pensionistas em Outubro, não está a ser sério nem verdadeiro. Vejamos: em 2023, os aumentos previstos para os pensionistas seriam entre 7,1% e 8%, mas só haverá uma subida entre 3,5% e 4,43%, assim, como nos anos seguintes, aqueles ficam prejudicados. O embuste fica mal a quem o cria e Costa é um ilusionista!

O ministro das Finanças prioriza as “contas certas” e o défice, deixando os mais frágeis nos rendimentos para trás. Estas concessões, embandeiradas em arco, não são dádivas, mas sim devoluções aos contribuintes, pelos vários mil milhões de euros que arrecadaram em impostos vários oriundos do galopante custo de vida. Refira-se que os milhares (ou milhões) de portugueses que usam bilha de gás foram, inqualificavelmente, marginalizados, esquecidos e desprezados.

Afinal não é só a direita que atira os cidadãos para os fojos da rejeição.

Vítor Colaço Santos, São João das Lampas

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