Carapaz bisa na Vuelta no dia em que Evenepoel foi humano

Líder da geral mostrou os primeiros sinais de fraqueza na corrida e cedeu 48 segundos para o esloveno Primoz Roglic. João Almeida terminou a etapa em quarto lugar e carimbou a melhor exibição até ao momento na Volta a Espanha.

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Remco Evenepoel não conseguiu acompanhar o ritmo de Primoz Roglic EPA/Javier Lizon

E à 14.ª etapa, Remco Evenepoel tremeu. O líder da Volta a Espanha 2022 mostrou pela primeira vez vulnerabilidade na subida ao alto da Sierra de La Pandera e viu Primoz Roglic aproximar-se na geral. A etapa foi conquistada pelo equatoriano Richard Carapaz, o único sobrevivente da fuga do dia, numa jornada em que João Almeida terminou no quarto lugar e mostrou estar a subir de forma.

As diferenças na etapa foram feitas nos últimos quatro quilómetros da etapa, na última de três subidas categorizadas do dia. Primoz Roglic, segundo na geral, atacou depois de o colega de equipa Chris Harper ter endurecido a corrida e reduzido o grupo principal a menos de 25 elementos. A investida não foi explosiva, como o esloveno nos foi habituando ao longo dos anos, mas contínua, a ritmo alto e regular.

No grupo dos favoritos, todos esperaram pela resposta de Remco Evenepoel, que até hoje tinha mostrado mais força que todo o pelotão, mas o belga não procurou ir atrás de Roglic. Seguiu-o então Enric Mas, terceiro na geral, Miguel Ángel López, e depois os restantes homens da geral – João Almeida incluído –, deixando Evenepoel para trás.

O camisola vermelha não teve capacidade de acompanhar os adversários nas vertentes da subida andaluza da Sierra de la Pandera e sofreu nos últimos quilómetros. Limitou-se a minimizar perdas até ao final, terminando a etapa a 58 segundos de Primoz Roglic, que chegou pouco tempo depois de Richard Carapaz ter cruzado a meta para garantir a sua segunda vitória nesta edição da Vuelta.

O equatoriano foi o único elemento da fuga a sobreviver ao ritmo do grupo dos favoritos, vencendo a etapa com oito segundos de avanço sobre Miguel Ángel López, o único que conseguiu acompanhar Roglic até ao fim. João Almeida chegou logo a seguir, na quarta posição, a 19 segundos, ganhando tempo a todos os outros elementos que lutam por posições no top 10.

O ciclista português fez este sábado a melhor prestação até ao momento e mostrou sinais promissores para o que falta da corrida, provando mais uma vez estar talhado para correr três semanas. Terminou, inclusive, à frente do colega de equipa na UAE-Emirates, Juan Ayuso, que furou a menos de três quilómetros do fim da etapa mas conseguiu terminar ao mesmo tempo que Remco Evenepoel.

A etapa deste sábado reacende as dúvidas que pairavam sobre o jovem corredor belga na partida para a Volta à Espanha. Havia quem pusesse em causa a sua capacidade de se defender nas etapas de altitude e de aguentar as três semanas de uma Grande Volta. Neste primeiro teste em altitude, cedeu tempo para Roglic e outros rivais da geral. Mas o vencedor das três últimas edições da Vuelta para ser o único capaz de ameaçar a liderança do ciclista da QuickStep-Alpha Vinyl – Enric Mas, o terceiro na geral, também cedeu 28 segundos para Roglic.

Remco Evenepoel continua com uma vantagem significativa na geral, com 1m49s de vantagem sobre Roglic e 2m43s do corredor espanhol da Movistar. João Almeida está em sétimo lugar, a 6m49s da liderança e a 4m06s do pódio.

Este domingo é dia de um dos testes mais exigentes nesta edição da Vuelta. Os últimos 50 quilómetros têm a ascensão ao Alto del Purche (nove quilómetros com pendente média de 7,5%) e terminam com a Sierra Nevada (19,4 quilómetros a 7,9%), que é precedida de uma subida não categorizada de 6,1 quilómetros a 5% que já pode ser atacada.

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