Observatório de Violência Obstétrica defende centros de parto normal para aliviar urgências

Observatório defende o envolvimento dos enfermeiros especialistas em Saúde Materna e Obstétrica na reorganização dos serviços, assumindo estes as funções de vigilância da gravidez e assistência ao parto de baixo risco.

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Segundo a Ordem dos Enfermeiros, existem em Portugal 3182 enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia Nelson Garrido

O Observatório de Violência Obstétrica questionou esta segunda-feira a organização dos serviços de obstetrícia face “ao caos” instalado com o fecho de urgências, defendendo a criação de centros de parto normal para melhorar os cuidados prestados nesta área.

“A situação actual remete para a criação dos centros normais de parto que a Ordem dos Enfermeiros (OE) apresentou recentemente”, para rentabilizar os recursos humanos e garantir acessibilidade aos cuidados de saúde materna e obstétrica, adianta o Observatório de Violência Obstétrica (OVO PT) em comunicado.

Os centros de parto normal surgiram com o objectivo de resgatar o direito à privacidade e à dignidade da mulher durante o trabalho de parto e pós-parto, num local semelhante ao seu ambiente familiar e, ao mesmo tempo, garantir cuidados seguros, oferecendo-lhes recursos tecnológicos apropriados em casos de eventual necessidade.

Tal como a OE, também o observatório defende o envolvimento dos enfermeiros especialistas em Saúde Materna e Obstétrica na reorganização dos serviços, assumindo estes as funções de vigilância da gravidez e assistência ao parto de baixo risco.

O Observatório, uma associação sem fins lucrativos, formada por utentes e profissionais do sistema de saúde, insiste também na multidisciplinaridade dentro do Serviço Nacional de Saúde, designadamente no envolvimento dos profissionais não médicos, considerando que “desta forma é possível melhorar os cuidados prestados e, simultaneamente, retirar a actual pressão sobre a classe médica”.

A tomada de posição da Ordem dos Enfermeiros, emitida pela Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem em Saúde Materna e Obstétrica, foi enviada no início de Julho pela Ordem à ministra da Saúde, na sequência dos “constrangimentos severos” que têm ocorrido nos serviços de urgência de obstetrícia.

Recentemente, o observatório também lamentou a “total dependência” dos hospitais dos médicos especialistas. “Os serviços são organizados com total dependência de médicos especialistas, ao invés de ser dada autonomia aos enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia, o que resulta num total colapso do sistema de apoio às mulheres grávidas em todas as fases do seu acompanhamento”, advertiu.

De acordo com a OE, existem em Portugal 3182 enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia.

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