Cartas ao director

Os fogos florestais e as culpas

Estamos na saison dos fogos florestais e começa o jogo das culpas. É absolutamente indigno que esteja um comandante de bombeiros incriminado pelas consequências do fogo florestal de 2017; primeiro veio o “bode expiatório”, a então MAI Constança Urbano de Sousa, que era quem menos culpa tinha pelo acontecido; depois nunca mais pararam as quezílias - se tudo corre bem é graças à Protecção Civil, se corre mal a culpa é dos bombeiros. Durante décadas os fogos florestais foram combatidos pelos Serviços Florestais (SF) - e eu fui administrador florestal -, pelos bombeiros e em regra funcionava bem; quando é que os incêndios passaram a descontrolados? - quando os SF foram desmantelados pelo MAI António Costa com o apoio do pior ministro da Agricultura que Portugal já teve e passou a responsabilidade para o MAI, fazendo da GNR uma superpolícia - política concentracionária pouco democrática.

Todos os anos se gastam milhões e milhões de euros a combater incêndios que uma boa gestão e defesa, ao longo de todo o ano, do território florestal, podia evitar. Já se sabe que não vai haver coragem para reconhecer que erraram - e o país vai continuar, ano após ano, a assistir a estes lamentáveis episódios e a ver recaírem as culpas sobre bombeiros que recebem ordens duns senhores muito importantes, só que parece que conhecem pouco o país e pouco do assunto.

Fernando Santos Pessoa, Faro

Novo aeroporto
Sobre o falado novo aeroporto de Lisboa há mais de 50 anos, parece ter chegado a hora H para o país tomar uma decisão séria, no verdadeiro interesse nacional. A ser construído, há duas coisas principais que nunca devem acontecer: construir um aeroporto na margem Sul e acabar com o aeroporto da Portela.
Se a decisão for avançar, então que prevaleça o bom senso e o interesse nacional: levar a efeito esse aeroporto em Tancos/S. Margarida. Tem todas as infra-estruturas à porta e é muitíssimo mais barato e mais rápido. Seria também dar um sinal, de que finalmente, um governo dava importância à tão falada descentralização. Tancos está a poucos quilómetros do centro geográfico do país e é bem visível que aquele vasto espaço deve ser aproveitado, até porque está quase tudo feito. Não venham desculpar-se com a distância, porque, quem admite Beja a 180 quilómetros, só pode estar a brincar e ignorar o que acontece numa grande parte dos aeroportos do mundo (dito) civilizado.
Guilherme da Conceição Duarte, Vale Cabeiro

O imobilista acrobático

A recente polémica envolvendo o ministro Pedro Nuno Santos (PNS) e António Costa (AC) veio evidenciar o contraste entre quem faz e quem não faz, fazendo de conta que faz.

PNS, apesar do seu recente comportamento surreal, a verdade é que recuperou as oficinas de Guifões, pôs a circular locomotivas há muito paradas, encomendou novos comboios, bem ou mal avançou com uma solução para a TAP, e na Habitação avançou no terreno para o apoio Às autarquias.

Em contraste, AC nada fez na Justiça (que nem sequer consegue há muitos anos julgar um primeiro-ministro), deixou a Saúde nas mãos de tarefeiros do privado, e quanto à regionalização em vez de aproveitar um PSD favorável, avançou com a descentralização que tem muito pouco a ver, pelo contrário, com os ganhos possíveis com um planeamento regional estratégico e capaz de evitar o enorme esbanjamento de recursos que resultam da repetição de equipamentos subaproveitados. Se isto fosse uma monarquia António Costa ficaria na História como Costa I, o imobilista acrobático.

José Cavalheiro, Matosinhos

A venda da sucursal espanhola do Novo Banco

Várias vezes escrevi sobre a conduta de António Ramalho à frente do Novo Banco e a forma como, agindo de uma forma intelectualmente desonesta conseguiu sempre sacar dinheiro ao Fundo de Resolução, enganando tudo e todos. Soubemos ontem, segundo a Deloitte, que a venda da sucursal espanhola do novo Banco foi feita sem “racional”, sem avaliação do negócio e sem ter em consideração possíveis conflitos de interesse. Será que depois de tudo isto e de outros casos, como os que envolveram Luís Filipe Vieira, António Ramalho pode ser considerado uma pessoa idónea? Ficou demonstrado, uma vez mais, que António Ramalho não é aquele gestor rigoroso. Por tudo isto fica provado que o Fundo de resolução não deve pagar os 147,4 milhões de euros que o Novo Banco diz que tem direito pelas perdas que teve, vejam lá, com a sucursal espanhola.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

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