FC Porto faz por ser campeão já no domingo

Os “dragões” ficam à espera de um tropeção do Sporting frente ao Gil Vicente – se não vencer os minhotos, o Sporting entregará o título ao FC Porto. Se vencer, então tudo ficará por decidir na próxima jornada, quando os portistas forem ao Estádio da Luz.

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FC Porto e Vizela em duelo no Dragão LUSA/MANUEL FERNANDO ARAÚJO

Naquilo que lhe competia, o FC Porto fez neste sábado o tinha de fazer para poder estar, daqui a cerca de 24 horas, a deslocar-se à Avenida dos Aliados para celebrar a conquista do campeonato nacional.

Os “dragões” bateram o Vizela por 4-2, no Dragão, resultado que os deixa apenas à espera de um tropeção do Sporting frente ao Gil Vicente (domingo, 20h30) – se não vencer os minhotos, o Sporting entregará o título ao FC Porto. Se vencer, então tudo ficará por decidir na próxima jornada, quando os portistas forem ao Estádio da Luz.

Já os vizelenses podem queixar-se de si próprios por poderem acabar a jornada apenas três pontos acima da zona de descida de divisão. É certo que ninguém esperaria que vencessem no Dragão, mas a equipa acabou por entregar um 2-0 ao FC Porto em dois erros individuais e a isso é difícil resistir.

Erros individuais

Num misto de 4x5x1 e 4x4x2 sem bola, o Vizela, que nunca se predispôs a “estacionar o autocarro” em bloco baixo, foi para este jogo a ser exactamente aquilo que se esperava. Segundo o Who Scored, é a segunda equipa da I Liga que mais passes longos permite – algo que atesta a defesa quase sempre subida – e a segunda que menos joga no corredor central do terreno – algo que confirma a tendência para não afunilar o jogo, procurando jogar no campo todo.

Essa audácia já foi elogiada diversas vezes neste campeonato – e sê-lo-á, provavelmente, depois desta ida ao Dragão –, mas os factos são o que são. E, neste caso, o facto é que tiveram dificuldades em suster o jogo ofensivo adversário.

O FC Porto, até sabendo deste perfil do Vizela, apresentou uma tendência ainda maior do que o habitual para explorar os corredores, procurando atrair o Vizela às laterais, para depois ferir pelo meio. O desenho foi feito vezes sem conta – e em alguns casos com sucesso.

Aconteceu, por exemplo, aos 10’, quando o Vizela foi atraído ao corredor e incapaz de parar um passe vertical de Vitinha que quase isolou Evanilson. Aconteceu também aos 40’, quando o FC Porto fez esse desenho habitual para isolar Taremi.

Pelo meio, muito se passou além da repetição dessa jogada-tipo. O Vizela “ofereceu” ao FC Porto dois golos, sobretudo o primeiro. Aos 22’, o guarda-redes Pedro Silva “adormeceu” em pleno Estádio do Dragão e permitiu que Evanilson, sagaz, lhe roubasse a bola. E aconteceu o 1-0.

Quatro minutos depois, o árbitro assinalou uma falta ofensiva de Grujic na área do Vizela, mas o VAR teve opinião distinta e alertou o minhoto para a má avaliação: era, afinal, penálti sobre o médio do FC Porto. Novamente num erro individual, desta vez de Schettine, houve golo de Taremi.

Mas há outro traço claro do Vizela. Apesar de ser uma equipa que tem pouca bola nos seus jogos (só três têm menos), é a quinta que mais remates faz (só os três “grandes” e o Vitória disparam mais).

Nesse sentido, a equipa nunca deixou de atacar com vários jogadores – raramente se viram raides individuais de jogadores, como habitualmente nos estádios dos “grandes” – e essa presença ofensiva permitiu que aos 36’ o FC Porto tivesse vários jogadores com que se preocupar. Resultado: Méndez pôde, em zona central, armar o remate com alguma tranquilidade e espaço, para fazer um grande golo de fora da área.

Vizela repetiu a receita

Nem cinco minutos depois do intervalo, o Vizela, novamente audaz, colocou quatro jogadores em zona ofensiva – chegou a estar em igualdade numérica – e um remate de Nuno Moreira, desviado por Mbemba, traiu Diogo Costa.

E este golo tinha um traço curioso. O Vizela tinha pouca bola? Tinha. Rematava pouco? Também. Mas esta aparente incapacidade ofensiva era, de facto, aparente, porque só a tremenda presença em zonas ofensivas em alguns ataques permitiu chegar aos dois golos – com menos jogadores envolvidos, o FC Porto teria, por certo, sabido defender bastante melhor ambos os lances. E, mais cedo estivéssemos no campeonato, talvez esta lição de presença ofensiva servisse para réplicas de outras equipas deste nível.

Ainda assim, o empate durou apenas sete minutos, já que um cruzamento de Pepê permitiu ao FC Porto usar, curiosamente, a “receita Vizela”. Os portistas colocaram tantos jogadores em zona de finalização que o quatro contra quarto impediu o Vizela de defender um quinto jogador que surgiu desde trás – era Mbemba, que compensou, com um bom remate, a influência que teve no golo sofrido.

Nesta fase, o FC Porto começou a tentar dar mais largura ao jogo. Não para atrair e ferir pelo meio, mas para ferir mesmo pelo corredor, aproveitando as entradas de Francisco Conceição (substituiu o mais combinativo Fábio Vieira) e Wendell (substituiu Zaidu) para promover isolamentos para estes jogadores mais frescos, um de cada lado. Foi, por exemplo, o que fez aos 65’ e 75’, para Conceição, e aos 73’ e 80’, para Wendell, em lances que não deram, depois, boas finalizações.

E como em Vizela não se trabalha para o ponto “caído do céu” num lance de bola parada, a equipa de Álvaro Pacheco começou a subir claramente as linhas de pressão nesta fase da partida, concionando mesmo a construção do FC Porto. Essa postura aumentava a probabilidade de recuperar uma bola em zona adiantada e criar perigo, mas aumentava também a exposição defensiva.

E foi nesse sentido que o FC Porto ainda chamou Galeno, mais uma “mota” que ajudou Francisco Conceição a espalhar pânico num Vizela cada vez mais esticado no campo. Mas o jogo estava mesmo para o filho do treinador, que criou diversos lances, um dos quais aos 88’, jogada que terminou com dupla finalização de Taremi: a primeira defendida e a segunda para golo. E o Dragão respirou de alívio.

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