O que vai acontecer em São Jorge, nos Açores? Essa é a pergunta que fazem as mais de duas mil pessoas que tiveram de fugir da parte ocidental ilha nos últimos dias. Mas antes, outra: o que se passa em São Jorge? Sismos. Muitos sismos. Mais de 14 mil desde 19 de Março. A maioria foi demasiado leve para ser detectada. Ainda assim, uns 200 abalos foram sentidos pela população (moram pouco mais de nove mil pessoas na ilha). 

Nenhum destes pequenos sismos causou vítimas ou estragos, mas essa não é a questão. Nos Açores, um arquipélago vulcânico situado numa zona altamente sísmica (a fronteira tripartida entre as placas tectónicas Americana, Africana e Euro-Asiática), o receio é de que a crise sísmica seja o anúncio de um sismo maior ou de uma erupção vulcânica, inclinando-se as autoridades para esta segunda hipótese. 

O que dizem os especialistas? Os “médicos da terra”, como os descreveu à Lusa uma responsável Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA - vale a pena ir espreitando o site), passaram a última semana e meia a analisar os gases emitidos para a atmosfera a partir do solo (sobretudo dióxido de carbono, sulfureto de hidrogénio e gás radão), à procura de indícios de algumas movimentações subterrâneas. Ao mesmo tempo, satélites altamente precisos foram medindo pequenas oscilações no terreno a partir do espaço. Paralelamente, os sismólogos foram acompanhando o treme-treme açoriano. 

Até esta segunda-feira, a incerteza permanecia: sim, há algo a acontecer debaixo do solo, a actividade sísmica continua acima do normal, mas não é certo que vá acontecer uma erupção vulcânica. Por cautela, o CIVISA mantém a ilha São Jorge no nível de alerta V4 numa escala de risco vulcânico que vai de zero a seis. 

Entretanto, o concelho das Velas, na parte ocidental da ilha, está praticamente vazio. Grande parte da população fugiu para a Calheta, na parte central, ou para ilhas vizinhas, como o Pico. As Forças Armadas estão em prevenção. No fim-de-semana, porém, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou São Jorge e disse que “não há razões para alarmismo”. A mensagem de serenidade contrasta com a intranquilidade dos habitantes das Velas e com a memória de outras crises sísmicas, como a de 1964.

Um Governo paritário e com uma surpresa

Os números e os nomes do novo Governo anunciado na quarta-feira:

A grande maioria das entradas e saídas anunciadas na quarta-feira bateram certo com o que jornalistas e comentadores tinham apontado nas últimas semanas e meses. Mas houve uma grande surpresa: Pedro Adão e Silva na Cultura. Sociólogo e professor de Ciência Política no ISCTE, é mais conhecido do grande público como comentador político e desportivo e como presidente da comissão de comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. No entanto, não tem currículo relevante na área com que vai ficar neste Governo, que toma posse na quarta-feira. 

E há outra novidade: vários ministérios vão deixar as suas moradas e passar a trabalhar juntos na gigantesca sede da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa.

A Leste, a guerra continua na Ucrânia

O mapa dos combates teima em não se mexer: as forças russas continuam a controlar boa parte do Sul do país (Odessa continua livre, Mariupol continua cercada), grande parte do Donbass (que a Ucrânia já não controlava totalmente desde 2014), uma fatia do Nordeste (Kharkiv continua a ser bombardeada) e algumas zonas dos arredores da capital Kiev, cujo centro permanece em mãos ucranianas. Perante o impasse, especula-se que a Rússia desistiu de controlar totalmente a Ucrânia e que poderá tentar consolidar o seu controlo do Donbass, onde a maioria dos habitantes fala russo.

Na frente diplomática, as negociações entre delegações russas e ucranianas mantêm-se (sem grandes resultados até agora). No final da semana, o Presidente dos EUA, Joe Biden, foi à Polónia, vizinha da Ucrânia, declarar apoio a Kiev e cometer o que muitos julgam ter sido um erro político: dizer que Vladimir Putin "não pode permanecer no poder" na Rússia. Rapidamente, a Casa Branca veio dizer que não, os Estados Unidos não estão a pensar derrubar o regime russo.

Por falar na Ucrânia, e na eterna tensão entre russos e americanos, vale a pena espreitar o vídeo do PQ deste fim-de-semana: explicamos o que é a NATO, as suas origens, por que ainda existe depois do fim da União Soviética e por que é que a Ucrânia não faz parte desta aliança militar. É mais um descomplicador para perceber melhor o que se está a passar. 

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