Como equilibrar a nossa saúde psicológica em tempos de guerra

É importante compreender que na~o há uma forma certa ou errada de reagir emocionalmente. Cada pessoa tem as suas experiências de vida e formas únicas de responder às crises, temos de respeitar estas diferenças.

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@petercalheiros

A invasão da Ucrânia e as repercussões que daí advêm estão a causar sintomas de ansiedade em muitas pessoas. Embora estejamos em condições indubitavelmente melhores do que os ucranianos e os seus vizinhos, estarmos a assistir a uma grave crise humanitária que não se sabe ao certo quando nem como acabará.

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A invasão da Ucrânia e as repercussões que daí advêm estão a causar sintomas de ansiedade em muitas pessoas. Embora estejamos em condições indubitavelmente melhores do que os ucranianos e os seus vizinhos, estarmos a assistir a uma grave crise humanitária que não se sabe ao certo quando nem como acabará.

As imagens de destruição de cidades inteiras, crianças feridas e afastadas dos pais, além de pessoas a chorarem os mortos deixam-nos com sentimentos de impotência, revolta, medo e preocupação.

Emocionalmente é esperado sentirmos um misto de emoções e pensamentos que reflectem tanto a empatia com o sofrimento das famílias ucranianas, como a preocupação com o nosso bem-estar, o que pode parecer insensível e absurdo. Porém, a verdade é que a guerra está a ter impacto em todo o mundo e Portugal não escapa às consequências, que afectam a vida financeira de muita gente.

Os seres humanos precisam de sentir controlo e esta nova situação de crise, que além de tudo é repudiada pela maior parte das pessoas, causa uma forte sensação de ameaça, sendo natural sentirmo-nos vulneráveis e a necessitar de segurança. É esperado que seja assim para qualquer pessoa, sem que isto signifique que se está a negligenciar o outro. As mudanças requerem um tempo de readaptação que neste momento, dadas as circunstâncias, não temos, e isso pode aumentar os níveis de stress. Mas acredite, sentir medo, preocupação ou ansiedade não é um sinal de fraqueza ou de inferioridade.

É importante compreender que não há uma forma certa ou errada de reagir emocionalmente. Cada pessoa tem as suas experiências de vida e formas únicas de responder às crises, temos de respeitar estas diferenças. Quem compreende que está a sentir-se pior ou com mais sintomas, deve tomar medidas para tentar reduzir a incerteza e aumentar as suas capacidades para lidar com este momento difícil. Vale a pena recordar que cuidar de nós é um factor importante para conseguirmos ajudar quem nos rodeia e a funcionar de modo adequado.

Como evitar a sintomatologia ansiosa e depressiva?

Um ponto de partida consiste em aceitar o que está a sentir sem ser crítico de si mesmo. Lembre-se que a ansiedade tem uma função de protecção que serve para deixar-nos mais vigilantes e mais aptos a adoptar comportamentos de protecção. Temos de usar esta função a nosso favor, sem deixar que a ansiedade esteja presente todo o tempo, deixando-nos paralisados.

Aprenda a gerir a ansiedade conhecendo o seu corpo, os seus pensamentos e os seus sentimentos, isto vai aumentar o seu sentido de controlo.

É importante acreditar que será capaz de lidar com este momento, usando como fonte de inspiração alguns momentos do passado em que foi capaz de enfrentar outras situações difíceis. O que pode ir buscar ao seu comportamento do passado que possa usar agora?

Evite antecipar consequências catastróficas, viva um dia de cada vez.

Procure uma forma de expressão de emoções com a qual se sinta mais confortável de modo a mudar o seu estado interno, criando serenidade e confiança. É importante que a possa praticar de modo privado, como por exemplo, através de um desenho, da escrita de um diário ou da prática de ioga ou meditação.

Outra ferramenta, muito funcional para manter a saúde mental e controlar as emoções negativas, é manter rotinas e organizar o dia em intervalos de trabalho/estudo, lazer e descanso.

Envolva-se em actividades que lhe dêem prazer diariamente.

Não veja todos os noticiários do dia, mas sim, em períodos definidos e espaçados. Tente filtrar o que ouve e evitar construções de cenários baseados em hipóteses sem sustentação.

Se tiver filhos, aproveite para brincar, deixando-se levar pelas sugestões deles.

Use a autocompaixão e o autocuidado. Ser auto compassivo significa permitir-se ser imperfeito e responder a pensamentos e sentimentos difíceis com bondade e compreensão. Ter autocuidado é, às vezes, deixar a louça por lavar enquanto cuida das unhas ou vê a sua série preferida. É ligar a um amigo para desabafar e dizer que não está bem. É ser o seu próprio super-herói e não a vítima.

Se continuar a sentir, durante muitos dias e de forma intensa, tensão, ansiedade, confusão, dificuldade em dormir ou hipersónia, pouca ou muita fome, incapacidade em realizar as actividades do dia-a-dia ou desejo de consumir álcool e/ou drogas para amenizar a situação, procure um profissional de saúde ou ligue para a linha SNS24 (808 24 24 24).