Marcelo e Moçambique, uma história com meio século

A última visita que fez antes de ser Presidente da República foi em Dezembro de 2015, quando era candidato presidencial, para participar no primeiro Fórum Social e Económico de Moçambique.

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Presidente da República à chegada ao aeroporto internacional de Maputo LUSA/JOSÉ COELHO

O Presidente da República Portuguesa inicia esta quinta-feira a sua terceira visita oficial a Moçambique, país a que chama a sua “segunda pátria” e com o qual tem uma história de mais de meio século.

Marcelo Rebelo de Sousa, 73 anos, conheceu Moçambique entre os 19 e os 20 anos, em temporadas de férias dos estudos na Faculdade de Direito de Lisboa, durante o mandato do seu pai, Baltazar Rebelo de Sousa, como governador-geral (1968-1970) da então província ultramarina, em plena guerra colonial.

Nesse período, nasceu a sua amizade com o pintor e poeta Malangatana, cujos quadros encheriam a sua casa em Cascais.

“Recordar como o conheci e como ficámos irmãos é recordar 1968 e o primeiro quadro, comprado com a minha mesada de estudante do 2º. ano da universidade. Mais os encontros em 1969 e 1970, em Lourenço Marques [actual Maputo] e em Matalana”, escreveu, quando soube da sua morte, em Janeiro de 2011.

Duas décadas depois do 25 de Abril de 1974 e da independência de Moçambique em 1975, Marcelo Rebelo de Sousa visitou o país em funções políticas, como presidente do PSD, activo na defesa de uma política externa que desse primazia à relação com os países de língua portuguesa, em detrimento da Europa.

Nessa altura, Outubro de 1996, cumpriam-se seis anos sobre a assinatura do Acordo Geral de Paz entre a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e dois anos sobre as primeiras eleições livres neste país africano. Marcelo Rebelo de Sousa quis “dar o abraço do PSD a Moçambique” e celebrar “o tempo de democracia”.

Em Maputo, foi recebido por Joaquim Chissano, à época Presidente da República, mas também se reuniu com Afonso Dhlakama - que passados estes 20 anos ainda lidera a Renamo - e anunciou “memorandos de entendimento” para a cooperação do PSD com os dois partidos moçambicanos.

Marcelo Rebelo de Sousa afastou-se da vida partidária, mas continuou a deslocar-se frequentemente a Moçambique, sobretudo para conferências e acções de intercâmbio académico, na qualidade de professor universitário de Direito. Chegou a fazer emissões dos seus programas de comentário televisivo a partir de Maputo.

A última visita que fez antes de ser Presidente da República foi em Dezembro de 2015, quando era candidato presidencial, para participar no primeiro Fórum Social e Económico de Moçambique.

“Quaisquer que sejam as funções que assumirei no futuro, está presente em Moçambique um tratamento privilegiado, um carinho especial e um entendimento natural que passa por muita gente moçambicana, muita dela responsável, e pelo estreitamento de relações entre países, instituições, economias, culturas e universidades”, declarou em entrevista à Lusa, na altura.

Referindo-se à situação de crise político-militar entre o Governo da Frelimo e a oposição da Renamo, o então candidato presidencial acrescentou: “É importante numa situação como aquela que se vive haver amigos de Moçambique - e eu conto-me entre os amigos de Moçambique - que podem, com o seu conhecimento da terra e da gente, contribuir para um clima fundamental para que haja democracia, desenvolvimento e paz”.

Marcelo Rebelo de Sousa escolheu Moçambique para a sua primeira visita de estado, em Maio de 2016, circunscrita à capital e arredores, e regressou em Janeiro de 2020, para a posse de Filipe Nyusi, após a sua reeleição como Presidente, ocasião em que, além de Maputo, foi à Beira.

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