Retrato de uma rapariga em miniatura

E se pudéssemos ser “amigos” dos nossos pais, viajar no tempo até à época em que eles eram crianças?

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Raparigas em miniatura, sim, depois das “raparigas em chamas” do precedente filme de Céline Sciamma (o belo Retrato de uma Rapariga em Chamas). É o domínio da infância, território difícil de filmar para lá do cliché (é a prática que o revela, não somos nós que o decretamos) e para lá da sobranceria, tantas vezes involuntária, com que os adultos (que são quem faz os filmes) olham para as crianças. De certa forma, Sciamma segue uma boa solução para essas armadilhas, fazendo os adultos “desertar” — há uma avó de quem a pequena protagonista se despede na primeira sequência (aliás, numa maneira extremamente delicada e “subentendida” de lançar o tema do luto), há uma mãe que desaparece, por razões lá dela, na manhã seguinte, e de adultos fica um pai de aparência “intermitente”, que pode lá estar realmente ou ser só mais um interlocutor imaginário no espírito da pequena Nelly (Petite Maman não é um filme “fantástico”, mas a possibilidade do fantástico é cuidadosamente guardada, anunciada logo pelos lençóis que cobrem os movéis da casa desabitada da avó e criam uma espécie de “cenário-fantasma”).

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Raparigas em miniatura, sim, depois das “raparigas em chamas” do precedente filme de Céline Sciamma (o belo Retrato de uma Rapariga em Chamas). É o domínio da infância, território difícil de filmar para lá do cliché (é a prática que o revela, não somos nós que o decretamos) e para lá da sobranceria, tantas vezes involuntária, com que os adultos (que são quem faz os filmes) olham para as crianças. De certa forma, Sciamma segue uma boa solução para essas armadilhas, fazendo os adultos “desertar” — há uma avó de quem a pequena protagonista se despede na primeira sequência (aliás, numa maneira extremamente delicada e “subentendida” de lançar o tema do luto), há uma mãe que desaparece, por razões lá dela, na manhã seguinte, e de adultos fica um pai de aparência “intermitente”, que pode lá estar realmente ou ser só mais um interlocutor imaginário no espírito da pequena Nelly (Petite Maman não é um filme “fantástico”, mas a possibilidade do fantástico é cuidadosamente guardada, anunciada logo pelos lençóis que cobrem os movéis da casa desabitada da avó e criam uma espécie de “cenário-fantasma”).