Casa Miguel Torga, um retrato do artista na sua intimidade

A balança do pai, a roca da mãe: são alguns dos “símbolos íntimos” com que se rodeou Miguel Torga na sua “casa nativa” que agora se escancara ao público. A casa aonde escolheu sempre regressar, na aldeia sem a qual, dizia, nenhuma hora da sua vida tem significação, entrou para os roteiros torguianos e é mais uma porta que se abre para a geografia sentimental do poeta que ele nos legou como “reino maravilhoso”.

Foto
Casa Miguel Torga Nelson Garrido

É a voz solene, compassada pela forte métrica dos poemas, que primeiro ouvimos: Miguel Torga em loop no documentário Eu, Miguel Torga (João Roque), filmado (também) aqui na casa onde nasceu, aonde sempre regressou. Ainda não entramos no edifício pequeno e modesto - a alvura das paredes, o azul claro das portadas a remeterem-nos para um mundo mediterrânico, doce e marítimo, e nós aqui em São Martinho de Anta, Trás-os-Montes, agreste e telúrico - mas o anfitrião já nos recebe: onde era a garagem é agora uma sala envidraçada (onde o seu autógrafo sobressai) que guarda apenas uma tela, como uma janela para o quotidiano do escritor e poeta. Chegando no momento certo, ouviremos a sua própria descrição do local que visitamos: “Pois que fique escancarada, pela imagem, a intimidade de um homem que se rodeou de símbolos íntimos: a balança de meu pai, a roca de minha mãe, uma bandeira das almas, um calvário de pedra, um juízo final de barro, um almofariz, um búzio.”

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É a voz solene, compassada pela forte métrica dos poemas, que primeiro ouvimos: Miguel Torga em loop no documentário Eu, Miguel Torga (João Roque), filmado (também) aqui na casa onde nasceu, aonde sempre regressou. Ainda não entramos no edifício pequeno e modesto - a alvura das paredes, o azul claro das portadas a remeterem-nos para um mundo mediterrânico, doce e marítimo, e nós aqui em São Martinho de Anta, Trás-os-Montes, agreste e telúrico - mas o anfitrião já nos recebe: onde era a garagem é agora uma sala envidraçada (onde o seu autógrafo sobressai) que guarda apenas uma tela, como uma janela para o quotidiano do escritor e poeta. Chegando no momento certo, ouviremos a sua própria descrição do local que visitamos: “Pois que fique escancarada, pela imagem, a intimidade de um homem que se rodeou de símbolos íntimos: a balança de meu pai, a roca de minha mãe, uma bandeira das almas, um calvário de pedra, um juízo final de barro, um almofariz, um búzio.”