Barragem polémica do Nilo Azul entrou oficialmente em funcionamento

Primeiro-ministro da Etiópia presidiu este domingo à cerimónia oficial do começo da produção na Grande Barragem do Renascimento Etíope, a maior do género em África que provocou contencioso com Egipto e Sudão.

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O primeiro-ministro etíope cortando a fita para o arranque de produção de electricidade da barragem no Nilo Azul DR

O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, lançou oficialmente este domingo a produção de electricidade na Grande Barragem do Renascimento Etíope (GERD), no Nilo Azul, projecto milionário fortemente contestado pelo Egipto e pelo Sudão.

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O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, lançou oficialmente este domingo a produção de electricidade na Grande Barragem do Renascimento Etíope (GERD), no Nilo Azul, projecto milionário fortemente contestado pelo Egipto e pelo Sudão.

“O início da geração de electricidade nesta barragem é uma bênção, não só para nós, também para o Egipto e o Sudão”, disse Abiy Ahmed no seu discurso na inauguração.

Numa cerimónia realizada ao início da manhã, o próprio chefe do Governo, acompanhado de numerosos altos funcionários, pressionou uma série de interruptores num ecrã electrónico para pôr em marcha a primeira turbina.

“Esta grande barragem foi construída pelos etíopes, mas para benefício de todos os africanos, para que todos os nossos irmãos e irmãs africanos possam tirar dela proveito”, disse um alto responsável que participava na inauguração.

A Etiópia considera esta enorme barragem – a maior do género em África – estratégica para o seu desenvolvimento, no entanto desde que o projecto foi lançado em 2011 provocou um contencioso com o Sudão e o Egipto, ambos dependentes do Nilo.

Os dois Estados consideram que o processo de enchimento da barragem pode afectar gravemente os níveis de água do Nilo nos troços do rio que passam pelos seus países e temem que o caudal do rio passe a estar dependente do controlo do Governo etíope.

Mas a Etiópia considera o projecto como estratégico para o seu desenvolvimento, tanto em termos de irrigação, como em termos de produção de electricidade.

A barragem, que apesar de não haver contabilidade oficial, está avaliada em mais de 3,7 mil milhões de euros, deverá recolher 13,5 mil milhões de metros cúbicos de água do rio Nilo Azul durante a época chuvosa, aumentando a reserva para 18,4 mil milhões de metros cúbicos, segundo o Governo etíope.

Situada a cerca de 30 quilómetros da fronteira sudanesa, a barragem tem 1,8 km de comprimento e 145 metros de altura.

Segundo os media etíopes, a produção inicial será de 375 megawatts com a entrada em funcionamento da primeira turbina, mas quando o projecto estiver completo, num prazo de dois anos, terá uma capacidade total de 5200 megawatts.

O Nilo Azul, rio que conflui com o Nilo Branco e com o rio Atbara, é um dos principais afluentes do rio Nilo, sendo responsável, durante a estação chuvosa, por até 80% da água deste último.

Com cerca de 6.000 quilómetros, o rio Nilo é uma fonte vital para o abastecimento de água e electricidade para uma dezena de países da África Oriental.