SIRESP foi o plano B de muitas corporações de bombeiros depois do ataque à Vodafone

Perturbações aconteceram, sobretudo, com doentes não urgentes. Cerca de um terço das corporações terão a Vodafone como operadora, estima Liga dos Bombeiros.

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Rui Gaudêncio

Cerca de um terço das corporações de bombeiros ter-se-ão visto obrigadas a procurar alternativas depois de terem ficado sem a sua rede de telecomunicações móveis, a Vodafone, alvo de um ciberataque na segunda-feira. A estimativa é do presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes. A opção foi recorrer exclusivamente ao SIRESP. Apesar de um maior tempo de reacção, ninguém ficou sem assistência, garante.

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Cerca de um terço das corporações de bombeiros ter-se-ão visto obrigadas a procurar alternativas depois de terem ficado sem a sua rede de telecomunicações móveis, a Vodafone, alvo de um ciberataque na segunda-feira. A estimativa é do presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes. A opção foi recorrer exclusivamente ao SIRESP. Apesar de um maior tempo de reacção, ninguém ficou sem assistência, garante.

“O primeiro impacto foi de surpresa porque não se percebia o que estava a acontecer, nem se era algo local, regional ou nacional”, conta António Nunes.

Pouco tempo depois, foram afectadas “algumas comunicações entre os centros de despacho de meios e alguns bombeiros. Foi logo identificado como sendo algo de complexo. Era preciso arranjar alternativas”, acrescenta.

Os dois centros de distribuição de emergência existentes, nomeadamente o Centro de Coordenação Operacional da Protecção Civil e o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), passaram a comunicar via rádio, através do SIRESP.

António Nunes esclarece que o SIRESP - Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal ​é uma única rede rádio que permite às várias entidades partilhar informações dentro da sua própria entidade ou umas com as outras. Segundo o presidente da Liga, este recurso provocou uma “sobrecarga na rede”, mas ninguém terá ficado sem assistência por esse motivo.

“Basta que a rede rádio esteja saturada para que possa haver logo alguma diminuição no tempo de resposta”, explica. Além disto, o uso da rádio implica que o emissor da mensagem “tenha que descomprimir um botão para que o outro [o receptor] possa responder. Portanto, há um tempo de reacção mais longo. Tenho que parar a conversa para que o outro fale”. Apesar dos entraves, foi este o sistema que “hoje permitiu ao INEM dizer aos bombeiros onde queria as ambulâncias. Ou que nós [bombeiros] falássemos com a PSP”.

Cerca de um terço das corporações terão a Vodafone como operadora

Incapaz de confirmar se houve um aumento do tempo de espera, o presidente afirma que, do ponto de vista dos bombeiros, “houve perturbações, principalmente com doentes não urgentes”, como, por exemplo, doentes que tinham consultas, exames ou cirurgias marcadas.

Sem certeza, António Nunes considera que “talvez cerca de um terço das corporações [a nível nacional]” tenham a Vodafone como operadora.

Segundo o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, as perturbações foram menores porque já é habitual recorrerem ao SIRESP para contactar com os hospitais ou até mesmo outras entidades (como a PSP ou Protecção Civil) a partir do momento em que as ambulâncias deixam o quartel.

“Os bombeiros estão preparados [para situações destas] porque em situação de emergência usamos o equipamento rádio quando saímos do quartel. Portanto, desde que o SIRESP tenha capacidade para aguentar o tráfego de mensagens que é necessário, não há qualquer problema”, explica.