PJ pede ajuda internacional depois de ataque à Vodafone. Operadora inicia restabelecimento dos serviços móveis 4G

Operadora móvel foi o único alvo do ataque de segunda-feira, de acordo com o director do departamento de cibersegurança da Polícia Judiciária. PJ está a trabalhar com os Serviços de Informações de Segurança e com parceiros internacionais.

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Clientes da Vodafone têm tido problemas no uso da operadora desde segunda-feira Paulo Pimenta

A Polícia Judiciária (PJ) anunciou, nesta terça-feira, que está a investigar o ataque informático de que a Vodafone foi alvo. Neste sentido, as autoridades portuguesas dão conta de que já iniciaram contactos com polícias internacionais. A operadora já iniciou o restabelecimento dos serviços móveis 4G, ainda que com limitações.

“A PJ desencadeou de imediato contacto com as suas congéneres, em sede de cooperação policial internacional, no intuito de recolher mais e melhor informação”, pode ler-se em comunicado enviado às redacções ao final da tarde desta terça-feira. O ataque que a Vodafone sofreu, na noite de segunda-feira, afectou vários clientes privados, empresas e serviços como o INEM, hospitais ou bancos.

Desta forma, a PJ, em articulação com a operadora, “está a envidar esforços na recolha de indícios e indicadores de compromisso que permitam avaliar e conhecer a origem, a extensão e motivação do ato criminoso”.

Numa conferência de imprensa realizada esta terça-feira, o director da Unidade de Combate ao Cibercrime da PJ, Carlos Cabreiro, adiantou que a investigação ainda se encontra numa fase inicial, não sendo possível para já avançar “de forma concreta” a motivação por trás do crime.

Confirmou também a “estreita colaboração” com parceiros internacionais para encontrar indícios que permitam perceber a motivação do ciberataque, assim como a sua autoria e se foi obtida pelos atacantes “informação confidencial ou dados pessoais”.

A PJ diz que ataques deste tipo são “uma realidade global”, não exclusiva a Portugal.

O director acrescentou ainda que a investigação está a ser feita também com a colaboração do Centro Nacional de Cibersegurança e dos Serviços de Informações de Segurança (Secretas). Para além dos motivos e autores do crime, a PJ tem também como objectivo “apoiar a operadora a repor os serviços subadjacentes à sua actividade”.

Carlos Cabreiro clarificou ainda que o ataque informático em questão teve como vítima exclusiva a Vodafone, não tendo existido ataques informáticos a outras instituições. “Podem existir consequências para clientes da operadora”, admitiu, embora grande parte desses serviços tenham conseguido manter comunicações com recurso a outros instrumentos.

Estas afirmações estão em linha com o que foi adiantado pelo presidente executivo da Vodafone. “Este foi um ataque dirigido à rede — não a sistemas —​​ com o propósito, seguramente voluntário e intencional, de deixar os nossos clientes sem qualquer serviço”, disse Mário Vaz, em conferência de imprensa na sede da empresa, em Lisboa.

Vodafone inicia restabelecimento dos serviços móveis 4G

A Vodafone iniciou o restabelecimento dos serviços base de dados móveis sobre a sua rede 4G, “na sequência de uma intensa e exigente operação de reposição”, de acordo com um comunicado enviado ao final da tarde desta terça-feira. A operadora de telecomunicações refere, em comunicado, que “este arranque está de momento condicionado a zonas restritas do país, estando gradualmente a ser expandido para o maior número possível de clientes”.

A Vodafone adianta ainda que “o serviço está igualmente sujeito a algumas limitações, nomeadamente no que respeita à velocidade máxima permitida de forma a garantir uma melhor monitorização da utilização da rede, bem como uma distribuição mais equitativa e sustentável da capacidade disponibilizada” aos seus clientes.

Esta é “mais uma etapa que faz parte do complexo percurso que temos vindo a percorrer e cujo esforço tem sido atenuado pelas muitas manifestações de solidariedade e compreensão que nos têm feito chegar”, acrescenta a operadora.

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