Bombardeamento de prisão controlada pelos rebeldes faz dezenas de mortos no Iémen

Organizações humanitárias falam em pelo menos 70 mortos após ataque aéreo da coligação liderada pela Arábia Saudita em Saada. Um outro ataque, em Hodeida, matou três crianças.

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Imagens aéreas das televisões locais dão conta da destruição da prisão Reuters/REUTERS TV

O bombardeamento de uma prisão controlado pelos rebeldes houthis, na província de Saada, no Iémen, levado a cabo pela coligação liderada pela Arábia Saudita, na madrugada desta sexta-feira, tirou a vida a pelo menos 70 pessoas e feriu outras 200, revelou a organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF).

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O bombardeamento de uma prisão controlado pelos rebeldes houthis, na província de Saada, no Iémen, levado a cabo pela coligação liderada pela Arábia Saudita, na madrugada desta sexta-feira, tirou a vida a pelo menos 70 pessoas e feriu outras 200, revelou a organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Os trabalhos de remoção dos escombros ainda prosseguem e as equipas de socorro admitem que o número de mortos e de feridos venha a aumentar nas próximas horas.

Entre as vítimas estão vários cidadãos oriundos de países africanos, uma vez que a prisão, localizada no Norte do Iémen, na Península Arábica, também funcionava como centro de detenção temporária de migrantes.

“Ainda há muitos corpos no local do ataque aéreo, muitas pessoas desaparecidas”, disse à AFP Ahmed Mahat, chefe da missão da MSF no Iémen. “É impossível saber quantas pessoas foram mortas. Parece ter sido um acto de violência horrível”.

O Iémen está em guerra há quase oito anos, entre o Governo internacionalmente reconhecido, que controla o Sul do país, e que conta com o apoio da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, e os rebeldes houthis, patrocinados pelo Irão, que dominam a região Norte.

Os ataques aéreos da coligação intensificaram-se nas últimas semanas, particularmente desde que os houthis apreenderam, no início do mês, um barco com a bandeira dos Emirados Árabes Unidos. O grupo rebelde reivindicou mesmo a autoria de um ataque terrorista em Abu Dhabi, na passada segunda-feira.

Nesta sexta-feira, a Save the Children deu conta de um outro ataque, com mísseis, a um edifício de telecomunicações na cidade portuária de Hodeida. Segundo a organização internacional, morreram pelo menos três crianças, que estavam a jogar futebol nas imediações do edifício.

Por causa da guerra, o Iémen é palco de uma das maiores crises humanitárias a nível mundial, que ainda se agravou mais com a crise pandémica, muito por culpa dos cortes no financiamento externo – que forçaram o Programa Alimentar das Nações Unidas a reduzir a entrega de bens alimentares a cerca de oito milhões de pessoas.

Segundo os dados recolhidos pelo think tank Council on Foreign Relations, há 24 milhões de pessoas a precisar de assistência imediata no país, incluindo 4 milhões de deslocados.