Houthis capturam barco dos Emirados no Mar Vermelho

Rebeldes iemenitas acusam o navio de realizar “actos hostis”. Coligação internacional liderada por Riad ameaça responder com violência para reaver a embarcação.

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Imagens distribuídas pelos rebeldes iemenitas mostram veículos militares a bordo do navio EPA/HOUTHIS MOVEMENT HANDOUT

Os rebeldes iemenitas houthis apreenderam um barco com bandeira dos Emirados Árabes Unidos, com a justificação de transportar armamento. A coligação de países árabes que combate o grupo diz que a embarcação transportava equipamento médico e ameaça recorrer à força para a reaver.

Os houthis confirmaram ter apreendido o navio de carga que atravessava o Mar Vermelho e se destinava ao porto de Jazan, na Arábia Saudita, no domingo à noite. A liderança do grupo acusou o barco de ter entrado em águas territoriais iemenitas sem pedir autorização e de ter levado a cabo “actos hostis”.

“A operação bem-sucedida e inédita faz parte da luta contra a agressão”, afirmou o porta-voz militar dos houthis, Yahya Saree. Os rebeldes dizem que o navio transportava “equipamento militar”.

Foram mostradas imagens do que os houthis dizem ser o interior do navio em que se podiam ver camiões blindados, armas e munições, segundo a Reuters.

A coligação militar liderada pela Arábia Saudita e que combate os houthis disse que a embarcação transportava material médico depois de ter montado um hospital de campanha na ilha iemenita de Socotra.

“A milícia deve libertar imediatamente o navio ou as forças da coligação irão levar a cabo todas as medidas e procedimentos necessários para lidar com esta violação, incluindo o uso de força, se necessário”, afirmou o porta-voz da coligação, Turki al-Malki, citado pela Agência France Press.

O incidente ocorre depois de uma nova escalada de violência na guerra civil no Iémen que dura há mais de seis anos. Aquilo que começou como um conflito entre o governo internacionalmente reconhecido do Iémen e o grupo houthi transformou-se numa guerra regional que opõe os interesses divergentes da Arábia Saudita e dos seus aliados do Golfo Pérsico e o Irão, apoiante dos rebeldes.

No Dia de Natal, a coligação lançou um ataque de larga escala contra o território ocupado pelos houthis como retaliação pelo disparo de mísseis que resultaram na morte de dois civis na Arábia Saudita. No final de Novembro, os houthis tinham tomado o controlo de uma vasta área a sul de Hodeidah, um porto no Mar Vermelho.

A guerra no Iémen permanece sem fim à vista e transformou aquele que já era o país mais pobre da Península Arábica no cenário da pior crise humanitária no planeta actualmente. Em Novembro, as Nações Unidas calculavam que a guerra iria causar a morte a 377 mil pessoas até ao final do ano, seja pelos combates seja de forma indirecta, através da fome ou da falta de infraestruturas médicas.

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