Louis Vuitton honra a memória de Virgil Abloh com desfile da última colecção desenhada pelo criador

A colecção recupera alguns dos clássicos da assinatura do criador norte-americano, que morreu recentemente, como a mistura entre a alfaiataria e o streetwear.

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Virgil Abloh “voltou à vida”, por momentos, na Semana da Moda Masculina de Paris. A Louis Vuitton homenageou, mais uma vez, o falecido director criativo da marca, esta quinta-feira, com a apresentação da última colecção desenhada pelo criador. Num cenário surrealista, com uma enorme casa, a gigante de moda francesa consolidou o que Abloh vinha construindo há oito estações.

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Virgil Abloh “voltou à vida”, por momentos, na Semana da Moda Masculina de Paris. A Louis Vuitton homenageou, mais uma vez, o falecido director criativo da marca, esta quinta-feira, com a apresentação da última colecção desenhada pelo criador. Num cenário surrealista, com uma enorme casa, a gigante de moda francesa consolidou o que Abloh vinha construindo há oito estações.

“Louis Dreamhouse” (a casa de sonhos da Louis, em tradução livre) foi o cenário criado para apresentar a proposta do próximo Outono/Inverno da marca-mãe do conglomerado de luxo LVMH. De acordo com o descritivo da colecção, citado pelo The Guardian, Virgil Abloh terá imaginado a “casa” como “uma faísca de imaginação que se transforma numa chama eterna”.

Abloh, que morreu em Novembro passado, aos 41 anos, vítima de cancro, terá deixado a colecção desenhada. O imaginário de toda a proposta chegou da juventude, “de ver o mundo pelos olhos intocados de uma criança”. A colecção recupera alguns dos clássicos da assinatura do criador norte-americano ─ como a mistura entre a alfaiataria e o streetwear ─ com uma abordagem quase ingénua. Os desenhos animados dão vida às peças e o monograma da Louis Vuitton assume um novo formato gráfico, numa desconstrução da importância que os logótipos das marcas têm na sociedade.

Com uma orquestra ao vivo (e sentada à mesa), com música de Tyler, The Creator e arranjos de Arthur Verocai, os modelos desfilaram, numa autêntica performance artística, onde bailarinos coabitavam na passerelle com uma cama gigante ao centro. As formas masculinas foram exacerbadas com ombros largos e estruturados e não faltaram as sobreposições ─ outra das marcas de Virgil Abloh.

“Não acredito em género, acredito em design”

O espectáculo, explica a Louis Vuitton (LV), citada pela Reuters, destinava-se a “consolidar os temas e mensagens do arco de oito estações” criado pelo director criativo. Apesar de ser um desfile de moda masculina ─ pela qual Virgil Abloh era responsável na LV ─ não faltam vestidos plissados ou em tule e até um vestido de noiva. “Não acredito em género, acredito em design”, terá dito o criador, citado pela marca no descritivo da colecção.

No que toca a acessórios, que ganharam uma nova vida na LV com a chegada de Abloh, destacam-se os icónicos sacos da marca, que para próxima estação fria são adornados com lantejoulas e flores em pele. Não ficaram, claro, esquecidos os bonés com o monograma da marca. No final, os modelos percorreram o cenário a envergar asas brancas, visivelmente emocionados, perante uma plateia ao rubro, a aplaudir de pé.

Entre os convidados da primeira fila estava Kim Jones, que, antes de Virgil Abloh, era o director criativo de moda masculina da Louis Vuitton. O designer aproveitou a ocasião para elogiar, mais uma vez, Abloh: “Tenho muita sorte de o ter conhecido. É uma pena quando pensamos em tudo o que podia ter feito.” “Ele [Virgil] planeou tudo na perfeição até ao último momento. Temos de o reconhecer por isso, foi muito corajoso”, elogiou, em declarações à BBC.

Em Novembro, pouco depois de o criador morrer, a marca prestou homenagem com um desfile no Marine Stadium, em Miami. Na apresentação reavivaram alguns dos clássicos da assinatura de Abloh na Louis Vuitton. O designer chegou à casa de luxo francesa em 2018 para assumir a direcção criativa de moda masculina.

Virgil Abloh dizia sempre que criava para o seu “eu” de 17 anos, que vivia fascinado com as grandes casas de luxo e os seus logótipos. A crença reflectia-se no trabalho que fez na Louis Vuitton, ainda que sempre se tivesse afastado da abordagem redutora e muitas vezes tentadora para marcas como a LV, de dar novas formas ao que já tinha sido feito. Reinventou as silhuetas clássicas da moda masculina, dando-lhes um toque do streetwear — tornaram-se mais fluidas, esbatendo a linha entre géneros.

Em 2019, foi diagnosticado com angiossarcoma cardíaco, um tumor maligno raro situado ao nível do coração. Escolheu viver a doença de forma privada e manteve sempre a vida profissional activa. Morreu a 28 de Novembro de 2021, deixando o mundo da moda em choque com a sua partida prematura.

A Semana da Moda Masculina de Paris decorre até 23 de Janeiro. Durante os próximos dias esperam-se as apresentações das colecções do próximo Outono/Inverno da Dior, Hermès, Loewe e Kenzo.

Na galeria de imagens acima, espreite as fotografias do desfile da Louis Vuitton.