Legislativas: privatizações, impostos e SNS marcam debate sem convergências entre BE e CDS-PP

Catarina Martins acusou o CDS-PP de “acreditar no Pai Natal”. Francisco Rodrigues dos Santos fala num programa do BE que “vai matar a nossa economia com uma “overdose” de nacionalizações.

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Catarina Martins e Francisco Rodrigues dos Santos LUSA/PEDRO PINA

O debate televisivo que colocou hoje frente-a-frente os líderes do BE e do CDS-PP foi marcado por questões relacionadas com privatizações, impostos e o Serviço Nacional de Saúde, sem que houvesse convergências entre os dois partidos.

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O debate televisivo que colocou hoje frente-a-frente os líderes do BE e do CDS-PP foi marcado por questões relacionadas com privatizações, impostos e o Serviço Nacional de Saúde, sem que houvesse convergências entre os dois partidos.

No parlamento, sentam-se em pontas opostas do hemiciclo, mas hoje a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, e o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, estiveram frente-a-frente e recordaram aquilo que os separa.

O primeiro tema em cima da mesa foi, desde logo, ilustrativo dessas diferenças e falando de diferentes sectores da economia, de um lado defenderam-se “dês privatizações” (termo utilizado pelo BE), enquanto do outro lado se propunha o seu contrário.

“Portugal é um dos países que mais privatizou os seus sectores estratégicos e isto é um problema hoje”, começou por sustentar Catarina Martins na primeira intervenção do debate transmitido na RTP 3.

O programa do BE prevê a reversão das privatizações de empresas como a EDP, CTT, REN ou GALP, uma medida em que os benefícios superariam os custos, assegura Catarina Martins: “Chegaria eventualmente aos 20 mil milhões de euros, mas a longo de vários anos, e permitiria ao Estado reaver boa parte do investimento, porque estamos a falar de empresas lucrativas”.

Na reposta, o líder do CDS-PP contrapõe com contas diferentes, afirmando que a proposta representaria antes um agravamento de cerca de 15% da dívida pública e, por isso, Francisco Rodrigues dos Santos fala num programa que “vai matar a nossa economia com uma “overdose” de nacionalizações e criação de impostos”.

Por outro lado, os centristas defendem privatizações em determinados sectores, argumentando que “sempre que os empresários realizarem um trabalho que custa menos dinheiro aos contribuintes e presta melhor serviço às populações, o Estado tem de sair de cima”.

Nesse equilíbrio, ou desequilíbrio, entre os sectores público e privado, Catarina Martins acusou o CDS-PP de “acreditar no Pai Natal” por defender que a gestão privada de empresas estratégicas cumpre o interesse público do país, mas Rodrigues dos Santos respondeu afirmando que nenhum empresário vai investir em Portugal com o modelo económico proposto pelo BE.

Falando sobre os transportes e sobre a TAP, em concreto, o líder do CDS-PP apontou que as recentes injecções de capital na companhia aérea faziam falta “economia real”, mas Catarina Martins considera que eram necessárias em função da pandemia da COVID-19.

“Não sabemos o caminho da pandemia, mas sabemos que o que foi feito segura a TAP e o pior que podíamos ter feito era colocar 3 mil milhões de euros na TAP e depois entregar a um interesse estrangeiro”, afirmou.

Quanto à questão dos impostos e da carga fiscal, os líderes dos dois partidos voltaram a divergir e, à direita, o presidente do CDS-PP prefere apostar na redução do IRC, argumentando que assim é possível aumentar o volume de negócios e fazer crescer a economia, aumentando a receita fiscal.

Já Catarina Martins acusou a direita de “convencer quem tem menos de que vai aliviar a sua vida, quando depois o seu plano alivia sempre os mais ricos e as empresas maiores”. Por outro lado, apontou como prioritário o alívio dos impostos dos trabalhadores.

O frente a frente terminou com ataques de parte a parte quanto à Saúde, com Rodrigues dos Santos a insistir que os utentes que não consigam obter resposta no Serviço Nacional de Saúde (SNS) a tenham assegurada através de contratualização com o sector privado.

“Se mandar as pessoas para consultas numa clínica privada, em dois ou três dias já gastou mais dinheiro do que com o salário dos médicos de família. O que é preciso são carreiras dignas no SNS para fixar os profissionais e que as pessoas têm direito aos cuidados de que precisam”, respondeu a coordenadora do BE.