Gastos com transferências no futebol voltaram a descer

FIFA divulgou o relatório de 2021. Rota Brasil-Portugal voltou a ser dominante no mercado. Clubes portugueses entre os que mais jogadores receberam.

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Lukaku foi o jogador mais caro em 2021 Reuters/DAVID KLEIN

Pelo segundo ano consecutivo, os gastos com transferências de jogadores voltaram a descer. Esta é uma das conclusões do relatório da FIFA sobre o mercado de transferências em 2021, divulgado nesta sexta-feira. No ano que passou, gastaram-se 4,2 mil milhões de euros, menos 700 milhões do que em 2020 (4,9 mil milhões), uma quebra de 13,6 por cento. São dois anos seguidos em que os clubes gastam menos, depois de um 2019 em que se atingiu o valor recorde – 6,4 mil milhões.

Apesar de os gastos terem baixado, o número de transferências voltou a subir, e para valores próximos do máximo de sempre. Em 2021, foram registadas 18.068 transferências internacionais, mais 5,1% que em 2021 (17.190), e muito próximo dos valores de 2019 (18.080) – em rigor, este número não corresponde ao total de jogadores transferidos, já que, assinala a FIFA, 2115 futebolistas transferiram-se mais do que uma vez.

Apenas 12,3% das transferências internacionais (2230) envolveram dinheiro. Acima dos dez milhões de dólares (8,7 milhões de euros), a FIFA registou 119 transferências, sendo a maior de todas o regresso de Romelu Lukaku ao Chelsea – os londrinos pagaram uma verba fixa de 115 milhões de euros pelo avançado belga ao Inter de Milão. Aliás, as dez maiores transferências de 2021 correspondem a 15% do total gasto – sete destas dez tiveram uma equipa da Premier League como compradora.

No que diz respeito a gastos com transferências em 2021, os clubes ingleses lideram de forma destacada, tendo despendido 1,214 mil milhões de euros, mais do dobro dos clubes italianos (586 milhões). Os clubes portugueses aparecem em 10.º neste ranking, com um total de gastos de 88 milhões. Já no total de verbas recebidas, há um equilíbrio entre os quatro primeiros: Inglaterra (482 milhões), França (476 milhões), Itália (474 milhões) e Alemanha (458 milhões). Portugal está em nono deste ranking, com 180 milhões encaixados.

Entre as transferências que envolveram verbas, 30,1% correspondem a futebolistas com menos de 18 anos, sendo que a FIFA não registou qualquer verba paga por qualquer jogador com mais de 35. Na faixa etária anterior, entre os 30 e os 35, registaram-se 0,9% das transferências, entre as quais a de Cristiano Ronaldo, que tinha precisamente 35 anos quando saiu no último Verão da Juventus para regressar ao Manchester United, por uma verba a rondar os 15 milhões.

Entre todas as transferências registadas em 2021, a esmagadora maioria (66,8%) envolveu jogadores em final de contrato, seguindo-se empréstimos (13,1%), a título definitivo (11,4%) e regressos de empréstimo (8,7%). Segundo os números de anos anteriores (até 2013) apresentados no relatório, não há grandes diferenças nas grandezas de cada tipo de transferência.

Do Brasil para Portugal

Pelo décimo ano consecutivo (de acordo com os números apresentados no relatório), o Brasil domina no número de transferências. Em 2021, registaram-se 1.749 negócios envolvendo futebolistas brasileiros, pouco menos do dobro do dobro em relação a jogadores argentinos (896). Inglaterra (837), França (772) e Colômbia (653) completam o top-5 no que diz respeito às nacionalidades dos jogadores transferidos.

Esta lista não tem uma correspondência total em relação às nacionalidades que movimentaram mais dinheiro. Em 2021 gastou-se mais dinheiro em jogadores franceses (564 milhões de euros) do que em futebolistas de outras nacionalidades. E, pela primeira vez em dez anos, os brasileiros não estão no topo desta lista (410 milhões). Já os portugueses estão no oitavo lugar, com 165 milhões.

Brasil e Portugal estão nos dois primeiros lugares em número de entradas de jogadores. Em 2021, os clubes brasileiros receberam 784 jogadores, enquanto os portugueses acolheram 745. Em termos de saídas, a Inglaterra está no topo da lista (885), seguida de Brasil (820) e Portugal (707).

Outro “clássico” destes relatórios é o dos maiores fluxos de transferências registar-se do Brasil para Portugal (274) e de Portugal para o Brasil (200). Os clubes portugueses aparecem ainda como um dos destinos preferenciais para jogadores a actuar em Espanha (56).

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Há ainda uma presença portuguesa na lista de clubes com mais jogadores que saíram em 2021. O Manchester City lidera, com 41 saídas, seguido pelo Portimonense (34) e pelo Benfica (32).

Em termos de clubes mais gastadores, não há grande surpresa. O Manchester United lidera esta lista, sendo que dez clubes da Premier League estão entre os 20 mais “mãos largas” em 2021. França e Itália colocam três equipas neste ranking, enquanto Alemanha e Espanha têm duas – e nenhuma delas é o Barcelona ou o Real Madrid.

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