CDU e PS não são “inimigos”, mas Costa jogou ao ataque

No segundo frente-a-frente de António Costa, o secretário-geral socialista culpou o PCP pelas eleições antecipadas e pediu uma “maioria que não chumbe” os avanços que ficaram pelo caminho.

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Jerónimo de Sousa (à esquerda) e António Costa (à direita) Miguel Manso

No primeiro frente-a-frente entre dois antigos parceiros da “geringonça”, o líder do PS e o secretário-geral do PCP assinalaram “resistências inesperadas” e trocaram culpas sobre a realização de eleições antecipadas. Numa conversa que foi conduzida para reflectir mais o que correu mal no passado do que sobre o futuro nos próximos quatro anos, o secretário-geral socialista agarrou-se às bandeiras comunistas que ficaram pelo caminho com o chumbo do Orçamento do Estado de 2022 (OE2022) e afirmou que não fosse o voto do PCP na generalidade e muitas delas teriam arrancado logo no início deste ano.

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No primeiro frente-a-frente entre dois antigos parceiros da “geringonça”, o líder do PS e o secretário-geral do PCP assinalaram “resistências inesperadas” e trocaram culpas sobre a realização de eleições antecipadas. Numa conversa que foi conduzida para reflectir mais o que correu mal no passado do que sobre o futuro nos próximos quatro anos, o secretário-geral socialista agarrou-se às bandeiras comunistas que ficaram pelo caminho com o chumbo do Orçamento do Estado de 2022 (OE2022) e afirmou que não fosse o voto do PCP na generalidade e muitas delas teriam arrancado logo no início deste ano.

O debate começou com Jerónimo de Sousa a lembrar que as eleições “são para eleger 230 deputados e não um primeiro-ministro”, deixando transparecer o receio em relação aos eleitores que podem ser perdidos para o “voto útil” a que o PS apela. E também por isso resistiu à “precipitação de fazer contas antecipadas” e “futurologia” em relação a possíveis cenários de entendimentos.

Não obstante, já à saída do debate o secretário-geral do PCP avisou contra a “desconfiança” que António Costa sinalizara quanto à repetição de um novo acordo à esquerda: “Não faria vaticínios antes dos resultados eleitorais. As convergências são sempre importantes”, avisou Jerónimo de Sousa, lembrando que os cenários se mantêm em aberto. O secretário-geral comunista, que representa a coligação CDU, resistiu em fazer do encontro um “momento” para “acusações mútuas”, mas apontou “resistências inesperadas e incompreensíveis” e disse que se as medidas não avançaram foi por decisão do PS.

António Costa, que teve uma atitude mais aguerrida face a Jerónimo do que era habitual, defendeu que honrou “a sua palavra”, isto apesar da disponibilidade assinalada por Rui Rio, mantendo as negociações circunscritas à esquerda até ao final da legislatura (mesmo que isso tenha determinado a queda do OE2022).

Antes, o líder socialista já tinha elencado todas as propostas orçamentais – algumas que são bandeiras do PCP – que ficaram pelo caminho: aumento das pensões; eliminação do pagamento especial por conta; isenção de IRS para 170 mil famílias; e apoios para 120 mil crianças em extrema pobreza.

“Não passaram porque o PCP se juntou aos outros partidos para chumbarem o OE”, disse. “O país percebe bem” que a “crise política que foi criada com o chumbo do orçamento em plena pandemia” foi um acto de enorme irresponsabilidade política”, atirou o secretário-geral do PS, que não largou o apelo à maioria.

Uma vez que a CDU decidiu não participar nos debates que tenham lugar nos canais por cabo, os comunistas não irão debater com o Bloco de Esquerda, CDS, PAN, Livre, Chega e Iniciativa Liberal.