Rádio na televisão no cinema (no streaming)

Being the Ricardos é uma moldura para o argumento de Aaron Sorkin, apenas e só: as desventuras de Lucille Ball e Desi Arnaz no mundo-cão da televisão americana dos anos 50.

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A transformação de Aaron Sorkin em realizador de cinema (ou de “cinema”) é um fenómeno que exprime bem os tempos confusos que vivemos, estes tempos em que é frequente ouvir pessoas, e até pessoas boas, a dizer que “hoje há mais cinema nas ‘séries’ do que nos filmes”. Sorkin tinha uma vida confortável, como coqueluche do argumento para televisão, e uma reputação de “excelente dialoguista” (aspas porque não somos nós que o dizemos, é o que se lê em toda a internet quando se pesquisa por Aaron Sorkin). Mas a televisão, reino da narrativa, onde as vedetas são os argumentistas e os “criadores” das séries e nunca ninguém sabe (porque na verdade raramente importa) o nome do realizador, é completamente diferente do cinema, reino da narração, da forma e da estrutura que se dá à coisa narrada. Mesmo que sejam vendidos como “cinema”, os filmes dirigidos por Sorkin continuam a ser mais televisão que outra coisa, e televisão, como um diálogo de Being the Ricardos involuntariamente (?) concede, entendida como rádio ilustrada: uma maneira de ouvir pessoas a dizer coisas com a vantagem de também as vermos.

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A transformação de Aaron Sorkin em realizador de cinema (ou de “cinema”) é um fenómeno que exprime bem os tempos confusos que vivemos, estes tempos em que é frequente ouvir pessoas, e até pessoas boas, a dizer que “hoje há mais cinema nas ‘séries’ do que nos filmes”. Sorkin tinha uma vida confortável, como coqueluche do argumento para televisão, e uma reputação de “excelente dialoguista” (aspas porque não somos nós que o dizemos, é o que se lê em toda a internet quando se pesquisa por Aaron Sorkin). Mas a televisão, reino da narrativa, onde as vedetas são os argumentistas e os “criadores” das séries e nunca ninguém sabe (porque na verdade raramente importa) o nome do realizador, é completamente diferente do cinema, reino da narração, da forma e da estrutura que se dá à coisa narrada. Mesmo que sejam vendidos como “cinema”, os filmes dirigidos por Sorkin continuam a ser mais televisão que outra coisa, e televisão, como um diálogo de Being the Ricardos involuntariamente (?) concede, entendida como rádio ilustrada: uma maneira de ouvir pessoas a dizer coisas com a vantagem de também as vermos.