Retornos e recomeços em cinco séries para este final de ano

Esta altura do ano convida a balanços e à esperança num ano (novo) normal. Por um lado, há a vontade de regressar aonde fomos felizes. Por outro, o ímpeto para (re)começar. Comoventes, duras ou divertidas, eis cinco séries para inspirar a transição.

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1986

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1986

Na ressaca de um par de anos complicados, que tal lembrar como era a vida em 1986? Nada de telemóveis. Redes sociais, só em sonhos. Portugal na CEE. Mário Soares e Freitas do Amaral numa mediática arena política. E, no meio deste vórtice, um adolescente à procura do seu lugar (e do amor) entre as tribos do liceu, os filmes do videoclube, a música e os discursos do pai comunista. Retrato de uma época, 1986 funciona também como retrovisor da experiência do seu criador, Nuno Markl, o eterno e perfeito desajustado. Cómica e nostálgica, a série estreou-se em 2018 e tem conquistado mais e mais apreciadores (alguns até criaram merchandising). Os 13 episódios são albergados pela RTP Play.

Chesapeake Shores

Reconciliação, laços afectivos, segundas oportunidades e a sensação de voltar a uma casa que já foi (ainda será?) nossa. Eis os condimentos deste drama familiar baseado nos best-sellers de Sherryl Wood e protagonizado pela actriz Meghan Ory. O ponto de partida é o retorno de uma mulher — bem-sucedida na carreira, divorciada e mãe de gémeas — à pequena cidade onde nasceu, com todo o questionamento que essa mudança desencadeia. Chesapeake Shores tem estado ano a passar no AXN White, à segunda-feira à noite (na Netflix, estão disponíveis as cinco temporadas).

A Criada

Um murro na parede. É este o momento que leva Alex a pegar em Maddie, a filha de três anos, e fugir. Não sabe para onde vai. Só sabe que não podem ficar ali. O punhado de dólares que leva no bolso servirá para pouco mais que gasolina, uma boneca para a filha e um kit de limpeza para começar a trabalhar como empregada doméstica. Há-de esbarrar com amigos críticos, patroas emproadas, apoios sociais disfuncionais, traumas de infância e a incompreensão de um sistema que não lhe vê na pele as marcas da violência de que fugiu. A Criada comove tanto quanto atordoa. É uma história de romper de ciclo, que tanto aposta na determinação de Alex como expõe quão frágeis são as suas vitórias. Inspirada no best-seller de memórias escrito por Stephanie Land, é protagonizada por Margaret Qualley. No elenco destaca-se ainda Andie MacDowell como a mãe artista-hippie-autocentrada-provavelmente-bipolar — que é mãe de Qualley na vida real. Para ver na Netflix.

The Good Place

Se uma das suas resoluções de Ano Novo é ser uma pessoa melhor, pense outra vez. The Good Place lida “só” com o bem e o mal, a possibilidade de redenção ou o próprio sentido da vida. Tudo com humor encaixado nas entrelinhas e um elenco em estado de graça: Kristen Bell, Ted Danson, William Jackson Harper, Jameela Jamil, Manny Jacinto, D’Arcy Carden e Maya Rudolph, entre outros. Passa-se na vida depois da morte, a partir do momento em que uma pessoa não muito boa vai parar ao “lugar bom”, um erro que vai pôr tudo em causa. Afinal, os anjos não passam de burocratas e até um diabo se pode converter em boa gente. Criada por Michael Schur e nomeada para 12 Emmys, a série é composta por 50 episódios, que podem ser vistos na Netflix.

Sharp Objects

Por falar em demónios, mas mudando radicalmente o tom, este thriller vai revelando traumas e, de caminho, abordando a saúde mental. O alcoolismo e a automutilação tornaram-se parte da rotina da jornalista Camille Preaker (Amy Adams). Seguimo-la enquanto regressa à terra natal, que deixou para trás há anos, para fazer a cobertura de um crime. Se essa história é violenta, mais dolorosa vai ser a turbulência emocional e psicológica de se ver novamente sob o olhar tóxico da mãe. À medida que a investigação avança e a sua jornada pessoal se desenvolve, as raízes do seu comportamento vão sendo meticulosamente desvendadas por flashbacks. Nomeada para oito Emmys e vencedora de um Globo de Ouro (para Patricia Clarkson, no papel da mãe de Camille), Sharp Objects é uma produção da HBO, onde estão disponíveis os oito episódios.