Ryan Murphy é, actualmente, um dos produtores mais bem-sucedidos (e bem pagos) da televisão. O super-produtor esteve envolvido em êxitos recentes do pequeno ecrã, de «American Horror Story» a «Glee», reimaginando em «American Crime Story» o lado menos bonito na vida de figuras reais como O.J. Simpson e a família Versace. No entanto, talvez nenhuma outra temporada da antologia tenha sido tão desejada e ansiada como a terceira: «American Crime Story: O Caso Monica Lewinsky» era uma vontade antiga de Murphy, mas o criativo só estava disposto a executar o projecto com Monica, a própria, envolvida no processo. A visada é, agora, uma das produtoras da série.

Desde 2019 que o público aguardava a estreia da série e, entre avanços e recuos, a terceira temporada de «American Crime Story» chegou, finalmente, na reta final de 2021. A grande estreia acontece já na quinta-feira, 9 de Dezembro, no canal FOX Life Portugal.

Da atenção mediática à estrondosa crise política a nível nacional, o envolvimento entre Bill Clinton e Monica Lewinsky marcou a história norte-americana e, ainda hoje, ecoa na memória colectiva mundial, atravessando gerações. Enquanto Monica era destruída pela imprensa mainstream, a reputação de Clinton ficava manchada e culminava com a primeira impugnação de um presidente norte-americano em mais de um século, por perjúrio e obstrução da justiça. A narrativa é baseada no livro A Vast Conspiracy: The Real Story of the Sex Scandal That Nearly Brought Down a President, de Jeffrey Toobin, publicado em 1999.

Apesar do foco em Bill Clinton, pode dizer-se que as mulheres são as verdadeiras protagonistas da trama, ocupando um lugar de destaque a nível de argumento e até da perspectiva seguida por «American Crime Story». Algo que não é indissociável do estrondoso elenco feminino – o principal destaque vai para Sarah Paulson, praticamente irreconhecível, como Linda Tripp, e para o talento em ascensão Beanie Feldstein (irmã do actor Jonah Hill), que interpreta Monica Lewinsky. Participam ainda as actrizes Edie Falco (Hillary Clinton), Annaleigh Ashford (Paula Jones), Cobie Smulders (Ann Coulter) – de «Foi Assim que Aconteceu» –, Margo Martindale (Lucianne Goldberg) e Elizabeth Reaser (Kathleen Willey).

Fotogaleria

Pelo meio, há um quarteto que se evidencia. Por um lado, Monica Lewinsky, Linda Tripp (que gravou em segredo as conversas que mantinha com Monica) e Paula Jones (que acusou Clinton de assédio sexual) viram-se envolvidas num forte escrutínio público, com o confronto político a jogar-se também na esfera privada arrastada para as páginas de jornais e revistas cor-de-rosa. Já Hillary Clinton, que tentaria anos mais tarde ocupar a presidência dos Estados Unidos, sem sucesso, tentava manter a postura e a imagem pública, ao mesmo tempo que era abalada por uma crise sem precedentes. E que, ficção à parte, continua a pautar quase todas as conversas que envolvem o seu nome.

Quem também ocupa um lugar de relevo em «American Crime Story» é o renomeado actor Clive Owen, que sofreu uma grande transformação para interpretar Bill Clinton. De cabelo grisalho e um estilo que evoca o “charme” que era reconhecido ao então presidente dos Estados Unidos, o actor mostra as múltiplas facetas de Bill Clinton, com a subsequente descida a pique na opinião pública e na vida política. Ainda assim, a série lança o debate sobre a forma como o caso impactou de maneira diferente os vários envolvidos. Veja-se, nomeadamente, a forma como Clinton se foi mantendo presente na actualidade e discussão política, e Monica se viu lembrada, e perpetuada pela história, da pior maneira.

Mais do que uma réplica dos acontecimentos tal como aconteceram, «American Crime Story: O Caso Monica Lewinsky» mistura factos reais com um drama entusiasmante, repleto de twists e diálogos poderosos; sem dúvida, os ingredientes para a criação de uma das séries do ano.

Marque já na agenda: há episódio duplo no próximo dia 9 de Dezembro a partir das 22h20.