A escola possível

Enquanto, por cá, se assistia a um despertar público para a falta de professores e se calculava a dimensão do buraco que vai crescer nos próximos anos, em França o jornal Le monde dava notícias de um fenómeno preocupante para a “Éducation nationale” francesa: de ano para ano aumenta o número dos professores que partem, que se demitem, e dos estagiários que renunciam. A “Éducation nationale” e o culto da escola laica e republicana que promove a cultura da emancipação e da igualdade fazem parte do imaginário nacional, isto é, da “ideologia francesa” (nada semelhante á “ideologia alemã”) e, por isso, são órgãos muitos sensíveis do corpo nacional. Este novo sintoma de um mal-estar causa, por isso, legítimas preocupações (que ecoavam nos dois artigos do Le monde, sobre o assunto, publicados na edição da passada segunda-feira) e põe em causa aquilo que resta da solidez ideológica da escola francesa. Abandonar o métier de professor por vontade própria, mesmo quando isso implica um salto no escuro, é como perder a fé. Os professores que desistem eram vistos, de maneira dogmática, como apóstatas, mas agora que o contingente cresce progressivamente torna-se evidente que é preciso ver quais são os motivos desta crise de “vocações”. Um explicação parcial é avançada num dos artigos do Le monde: há um choque cada vez mais violento entre o ideal da profissão e a realidade com que ela se confronta.

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Enquanto, por cá, se assistia a um despertar público para a falta de professores e se calculava a dimensão do buraco que vai crescer nos próximos anos, em França o jornal Le monde dava notícias de um fenómeno preocupante para a “Éducation nationale” francesa: de ano para ano aumenta o número dos professores que partem, que se demitem, e dos estagiários que renunciam. A “Éducation nationale” e o culto da escola laica e republicana que promove a cultura da emancipação e da igualdade fazem parte do imaginário nacional, isto é, da “ideologia francesa” (nada semelhante á “ideologia alemã”) e, por isso, são órgãos muitos sensíveis do corpo nacional. Este novo sintoma de um mal-estar causa, por isso, legítimas preocupações (que ecoavam nos dois artigos do Le monde, sobre o assunto, publicados na edição da passada segunda-feira) e põe em causa aquilo que resta da solidez ideológica da escola francesa. Abandonar o métier de professor por vontade própria, mesmo quando isso implica um salto no escuro, é como perder a fé. Os professores que desistem eram vistos, de maneira dogmática, como apóstatas, mas agora que o contingente cresce progressivamente torna-se evidente que é preciso ver quais são os motivos desta crise de “vocações”. Um explicação parcial é avançada num dos artigos do Le monde: há um choque cada vez mais violento entre o ideal da profissão e a realidade com que ela se confronta.