Máscara reduz incidência em 53% e pode voltar a ser obrigatória em Portugal

Meta-análise com 30 estudos confirma eficácia do uso de máscara. Em Portugal, com o aumento do número de infecções, o uso da máscara no exterior pode voltar a ser obrigatório

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A 12 de Setembro deixou de ser obrigatório em Portugal usar máscara do exterior Paulo Pimenta

Voltamos ao básico: uso de máscara, distanciamento e higiene das mãos. Um estudo internacional publicado esta quinta-feira na revista British Medical Journal (BMJ) conclui que o uso de máscara é a medida de saúde pública não-farmacêutica mais eficaz para prevenir a covid-19, reduzindo a incidência em 53%. Em Portugal, desde Setembro até Outubro, o uso de máscara no exterior caiu 20% (de 70% para 50 %), revela um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Universidade Nova de Lisboa.

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Voltamos ao básico: uso de máscara, distanciamento e higiene das mãos. Um estudo internacional publicado esta quinta-feira na revista British Medical Journal (BMJ) conclui que o uso de máscara é a medida de saúde pública não-farmacêutica mais eficaz para prevenir a covid-19, reduzindo a incidência em 53%. Em Portugal, desde Setembro até Outubro, o uso de máscara no exterior caiu 20% (de 70% para 50 %), revela um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Universidade Nova de Lisboa.

Com o aumento da vacinação em muitos países, as autoridades de saúde foram permitindo que o uso de máscara relaxasse um pouco por todo o lado, mas o aumento do número de novos casos pode obrigar a repor as antigas obrigatoriedades. Portugal é um desses casos.

O estudo da ENSP conclui que o uso de máscara no exterior em Portugal caiu 20% de Setembro a Outubro, num abandono de uma rotina que levará também a reduzir outro tipo de medidas como o distanciamento e a higiene das mãos. Em declarações à Antena 1, Anta Rita Goes, uma das coordenadoras do trabalho, adianta que, além da redução substancial do uso da mascara no exterior, a quebra também começou a notar-se nos espaços interiores logo no início de Outubro. “Quando quebramos uma rotina, isso influencia outros comportamentos porque não são independentes uns dos outros”, afirmou a investigadora.

Os dados recolhidos neste projecto vão ser discutidos na próxima sexta-feira na reunião que junta peritos e governantes no Infarmed. Rita Goes defende que neste momento há condições para voltar a pedir mais aos portugueses. “Desde Julho que se nota a redução do uso de máscara”, avisa a investigadora. Por outro lado, acrescenta, há também uma série de outras medidas que atenuaram as regras sobre o distanciamento, por exemplo permitindo um aumento das lotações em espaços fechados, “que não têm que ver apenas com o papel de cada um”.

O primeiro estudo global

A discussão da eficácia do uso de máscara é cada vez menos controversa. Um estudo divulgado esta quinta-feira na BMJ apresenta o resultado de uma meta-análise a mais de 30 estudos realizados de todo o mundo, mostrando uma redução estatisticamente significativa de 53% na incidência da covid-19 com uso de máscara e uma redução de 25% com o distanciamento físico. É, diz a notícia do jornal The Guardian, o primeiro estudo global sobre este tema.

“Esta revisão sistemática e meta-análise sugerem que várias medidas de protecção pessoal e social, incluindo lavagem das mãos, uso de máscara e distanciamento físico estão associadas a reduções na incidência da covid-19”, escrevem os autores no artigo, que defendem a manutenção de todas estas medidas em simultâneo com a vacinação das populações.

A lavagem das mãos também é associada a uma redução substancial de 53% na incidência de covid, mas os investigadores consideram que o resultado não é estatisticamente significativo, tendo em conta o reduzido número de estudos sobre esta questão específica incluídos nesta análise.

No trabalho, a equipa que junta cientistas do Reino Unido, Austrália e China refere ainda que outras medidas como encerramentos de fronteiras, escolas e locais de trabalho “precisam de mais análise para avaliar os seus potenciais efeitos negativos sobre as populações”. Segundo explicam, as investigações analisadas obedeceram a metodologias distintas que não permitem tirar conclusões claras sobre a eficácia destas medidas.

Com um percurso atribulado ao longo da pandemia, o uso da máscara foi inicialmente muito debatido, mas acabou por ser adoptado por quase todos os países e recomendado por autoridades de saúde nacionais e internacionais. Porém, com o avanço da vacinação esta medida de protecção de saúde pública foi progressivamente abandonada. Agora, com o aumento de casos um pouco por todo o lado, a máscara estará a voltar como regra obrigatória.

Nos Países Baixos, a decisão de voltar a impor o uso obrigatório foi tomada este mês, e a Roménia, a República Checa, a Eslováquia e a Polónia também tornaram recentemente mais rigorosas as regras sobre o uso de máscaras.

O The Guardian recorda que, em Inglaterra, a exigência legal de usar uma máscara terminou em Julho, excepto em estabelecimentos de saúde e lares, a menos que estejam isentos. No País de Gales, ainda são legalmente exigidas nos transportes públicos e em todas as áreas públicas interiores, à excepção de pubs e restaurantes. Na Escócia, as máscaras devem ainda ser usadas nas lojas e nos transportes públicos, e nos pubs e restaurantes quando não estão sentados. Na Irlanda do Norte, as máscaras devem ainda ser usadas nos transportes públicos e nas lojas.