Covid-19. Só um em cada quatro portugueses mantém distância recomendada

Cerca de 35% dos inquiridos num estudo da Escola Nacional de Saúde Pública revelaram ter saído de casa nas últimas duas semanas sem ser para ir trabalhar e 20% afirmaram não ter usado sempre máscara quando saíram de casa e estiveram com outras pessoas.

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Apenas 25% mantiveram a distância recomendada de dois metros Daniel Rocha

Mais de um terço dos portugueses saíram de casa nas últimas duas semanas sem ser para ir trabalhar e apenas 25% mantiveram a distância recomendada de dois metros entre as pessoas, segundo um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública.

O estudo Percepções Sociais sobre a Covid-19 foi apresentado esta quinta-feira pela directora da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), Carla Nunes, na reunião do Infarmed que reuniu vários peritos para analisar a situação epidemiológica em Portugal no âmbito da pandemia de covid-19.

Sobre a frequência de saída de casa nas últimas duas semanas sem ser para ir trabalhar, especialmente na última quinzena de Novembro, observa-se “uma diminuição de todos os dias ou quase todos os dias”, mas com valores “ainda muito elevados” de cerca de 35%, segundo os dados do estudo Barómetro Covid-19 Opinião Social, que inquiriu 182.581 pessoas desde Março.

Relativamente à pergunta se o inquirido usou sempre máscara quando saiu de casa e esteve com outras pessoas, observou-se uma melhoria novamente em Setembro e Outubro, mas ainda há 20% a dizerem que nem sempre usaram.

Quando se questiona se o inquirido esteve sempre de máscara quando esteve em grupos com dez ou mais pessoas, 35% admitiram que não.

Ao analisar o acesso aos serviços de saúde, o estudo da ENSP verificou que há ainda cerca de 20% das pessoas a dizerem que necessitavam de ir a consultas, mas que não foram por receio ou porque foi desmarcada pelo serviço. Cerca de 40% disseram estar a evitar ou a adiar cuidados não urgentes por receio de contrair a covid-19 nos serviços de saúde.

Em relação ao nível de confiança na capacidade de resposta dos serviços de saúde à covid-19 observa-se “desde Maio, Junho uma tendência muito clara com o pouco confiante e nada confiante a ganharem espaço e relevância e, neste momento, cerca de 40% das pessoas a manifestarem esses sentimentos.

Sobre a mesma questão, mas para outras doenças sem ser covid-19, este padrão mantém-se “com o pouco confiante ou nada confiante a ganharem cada vez mais peso”, com perto de 70% das pessoas a afirmarem-no.

A adequação das medidas implementadas pelo Governo no combate à covid-19 também mostra “um claro padrão”, com cerca de 50% a considerarem-nas muito adequadas e adequadas e os restantes pouco adequadas e nada adequadas.

Inquiridos sobre se pretendem tomar a vacina contra a covid-19 assim que estiver pronta, 25% afirmaram que estão disponíveis para a tomar, contra 10% que não pretendem ser vacinados. Metade disse estar confiante ou muito confiante em relação à eficácia e segurança das vacinas, adianta o estudo.

A ENSP abordou também a percepção do estado de saúde nos últimos dois meses. “Em termos de saúde mental esteve melhor durante o Verão, mas agora está semelhante também ao início da pandemia”, disse Carla Nunes. Quem apresenta pior estado de saúde, seja global, seja mental, são as mulheres, os mais velhos e com menores níveis de escolaridade, salientou.

Sobre a frequência com que a pessoa se tem sentido agitada, ansiosa, em baixo ou triste devido às medidas de distanciamento físico, o estudo verificou algumas variações ao longo da pandemia, mas nesta última quinzena estão semelhantes ao início da pandemia, na segunda quinzena de Março.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,3 milhões de mortos no mundo desde Dezembro do ano passado, incluindo 3701 em Portugal.

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