Arábia Saudita e aliados do Golfo em crise diplomática com o Líbano

Liga Árabe pede a estes países para reflectirem e tentarem “evitar mais efeitos negativos no colapso da economia libanesa”. Presidente libanês manifestou intenção de restaurar os laços entre os países.

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O ministro da Informação libanês, George Kordahi, está no centro da crise MOHAMED AZAKIR/Reuters

O Kuwait deu ao embaixador libanês no emirado 48 horas para deixar o país, um dia depois de a Arábia Saudita ter feito o mesmo, justificando a medidas com comentários “insultuosos” de um ministro libanês sobre a campanha militar no Iémen liderada pelo reino. Em solidariedade com os sauditas, o Bahrain expulsou o enviado de Beirute em Manama e os Emirados Árabes Unidos anunciaram que vão retirar os seus diplomatas do Líbano.

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O Kuwait deu ao embaixador libanês no emirado 48 horas para deixar o país, um dia depois de a Arábia Saudita ter feito o mesmo, justificando a medidas com comentários “insultuosos” de um ministro libanês sobre a campanha militar no Iémen liderada pelo reino. Em solidariedade com os sauditas, o Bahrain expulsou o enviado de Beirute em Manama e os Emirados Árabes Unidos anunciaram que vão retirar os seus diplomatas do Líbano.

Riad também impôs uma proibição geral sobre todas as importações vindas do Líbano e os Emirados apelaram aos seus cidadãos para não visitarem o país.

Em causa estão declarações antigas mas divulgadas no início da semana onde o ministro da Informação libanês, George Kordahi – ainda não era ministro aquando da entrevista –, pareceu criticar a intervenção militar no Iémen liderada pela Arábia Saudita. Kordahi afirma mesmo que os houthis, os rebeldes iemenitas, apenas se estavam a “defender a eles mesmos (…) contra uma agressão externa”.

Há sete anos que uma coligação liderada pelo reino combate o movimento rebelde houthi, cujos membros são xiitas e recebem apoio do Irão. Ambas as partes têm sido alvo de críticas a nível internacional devido às atrocidades cometidas no Iémen.

Kordahi, apoiado pelo grupo Hezbollah, por sua vez apoiado pelo Irão, disse que a entrevista tinha sido gravada mais de um mês antes de ter sido nomeado para ministro. Ainda assim, não pediu desculpa. 

O Governo libanês sublinhou que as declarações de Kordahi não reflectem a sua posição e o Presidente, Michel Aoun, manifestou no Twitter a sua intenção de restaurar os laços diplomáticos com a Arábia Saudita. Os comentários espoletaram o pior golpe nas relações entre a Arábia Saudita e o Líbano desde a detenção de Saad al-Hariri, antigo primeiro-ministro libanês, em 2017, em Riad, capital saudita.

A Liga Árabe, manifestando a sua preocupação, confirmou a deterioração das relações dos países e apelou aos países do Golfo para “reflectirem nas medidas propostas para [se] evitar mais efeitos negativos no colapso da economia libanesa”.

A crise diplomática acontece num momento crítico para o Líbano, afectado por uma crise galopante de várias frentes e que apenas há um mês conseguiu chegar a acordo para a formação de um Governo, depois de mais de um ano de impasse político. Se o ministro da Informação for afastado do cargo, isso pode ter outras consequências no Governo liderado pelo primeiro-ministro, Najib Mikati, e, por isso, na resposta à crise.