Chamam-lhe os melhores de Portugal e foram conhecidos neste fim-de-semana os vinhos premiados este ano no concurso da ViniPortugal. Consagraram o Alentejo, com o vencedor, e o Douro, que arrecadou metade dos Grande Ouro, mas entre os vencedores absolutos nas seis diferentes categorias há uma estrela que desponta: sua excelência, a Loureiro.

Mesmo com prestígio crescente e cada vez com melhores vinhos, o concurso reflecte, como é natural, apenas a avaliação de um concreto grupo de jurados sobre os vinhos que foram submetidos à prova. Nada mais que isso, mas notando também que neste caso, para a escolha dos vencedores absolutos, os vinhos acabam por passar por uma tripla avaliação.

Primeiro, todos os vinhos são pontuados, passado depois os que obtiveram 90 ou mais pontos para a alçada do "grande jurí" – metade dos jurados são estrangeiros – que entre eles escolhe os Grande Ouro, sendo entre estes que finalmente são eleitos os vencedores absolutos. É neste contexto que, por ser novidade nestas andanças, emerge este ano a casta loureiro como o melhor vinho varietal branco.

Não é de agora que os mais atentos chamam a atenção para o potencial dos vinhos Loureiro. Casta antiga e rainha no encepamento nos vinhos verdes, tem condições para gerar vinhos de grande qualidade, frescos, tensos e vibrantes, e por isso há muito que enólogos e especialistas a apontam como a próxima estrela entre os brancos nacionais. Falta apenas que passe a ser olhada e cuidada de acordo com o seu potencial e de forma consistente.

Precisa de sair do seu espaço de conforto, deixar de se esconder nas tradicionais misturas com trajadura ou arinto, e mais recentemente com alvarinho, que a aprisionam dentro da região e remetem a um quase anonimato. Provem-se alguns vinhos extremes de Loureiro, de preferência mais velhos, com uma década ou mais de garrafa, e logo se percebe que são vinhos com outra ambição, que têm que romper amarras, saltar fronteiras e libertar-se dos atavismos que os agarra à da tradição e hábitos locais.

Tal como aconteceu com o Alvarinho, que depressa se tornou estrela maior no firmamento internacional, também os Loureiro precisam de estudo e experimentação, de novas abordagens enológicas para mostrar o potencial de qualidade, riqueza e longevidade que há muito lhe atribuem os especialistas.

É por isso que esta classificação como grande ouro e o prémio de melhor branco varietal para o Private Loureiro 2020, ultrapassa a importância do próprio concurso. Por um lado, porque é a consagração fora do contexto dos vinhos verdes, mas fundamentalmente porque se trata de um vinho com a chancela de Anselmo Mendes, o homem que pela valorização dos vinhos de alvarinho ganhou o epíteto de "senhor alvarinho" e agora se dedica aos loureiro com a mesma ambição e convicção.

Também já em 2017 o seu Muros de Melgaço Loureiro tinha sido premiado como melhor branco varietal, mas este é agora um vinho de outra dimensão, "o primeiro resultado da nossa investigação com a casta Loureiro nas diferentes quintas que temos nas duas margens do rio Lima (…) uvas colhidas manualmente com uma grande selecção na vinha, onde foi possível obter uma concentração e expressão superlativas, mas ainda assim conservando a frescura e a pureza aromática da casta", como descreve na respectiva ficha técnica.

Porque se trata de um grande vinho, um branco de excelência que beneficia da mestria, sabedoria e experiência de Anselmo Mendes para explorar todo o potencial da casta, que sua excelência o Loureiro se anuncia já como a nova estrela no firmamento dos vinhos brancos. Depois do "senhor alvarinho", os vinhos verdes têm também "senhor loureiro". O país e o mundo agradecem.