Portugal, o país onde não há assédio nem abusos sexuais

Terão as Igrejas portuguesa e espanhola uma imunidade especial a abusos sexuais, ou pura e simplesmente não se arriscam a encomendar um relatório com medo do que ele possa revelar?

Manuel Carvalho escreveu um editorial sobre esse estranho mistério que é a quase inexistência de denúncias de abusos sexuais nas Igrejas portuguesa e espanhola, ao mesmo tempo que se acumulam relatórios absolutamente devastadores sobre abusos sistemáticos nos Estados Unidos, na Irlanda, na Austrália ou agora em França, onde um relatório independente promovido pelos próprios bispos franceses revelou que ao longo de 70 anos (de 1950 a 2020) mais de dois mil membros do clero abusaram sexualmente de 200 mil menores (estimativa), número que sobe para 300 mil se incluir também leigos ao serviço da Igreja. Se pensarmos que 70 anos são cerca de 25.550 dias, isso dá uma média de 12 abusos sexuais por dia, um número tão extraordinariamente alto e absurdo que custa a acreditar que possa ser verdadeiro – o que torna ainda mais pertinente o mistério sublinhado pelo director do PÚBLICO: será que as Igrejas portuguesa e espanhola têm alguma imunidade especial a abusos sexuais, ou pura e simplesmente não se arriscam a encomendar um relatório independente com medo do que ele possa revelar?

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Manuel Carvalho escreveu um editorial sobre esse estranho mistério que é a quase inexistência de denúncias de abusos sexuais nas Igrejas portuguesa e espanhola, ao mesmo tempo que se acumulam relatórios absolutamente devastadores sobre abusos sistemáticos nos Estados Unidos, na Irlanda, na Austrália ou agora em França, onde um relatório independente promovido pelos próprios bispos franceses revelou que ao longo de 70 anos (de 1950 a 2020) mais de dois mil membros do clero abusaram sexualmente de 200 mil menores (estimativa), número que sobe para 300 mil se incluir também leigos ao serviço da Igreja. Se pensarmos que 70 anos são cerca de 25.550 dias, isso dá uma média de 12 abusos sexuais por dia, um número tão extraordinariamente alto e absurdo que custa a acreditar que possa ser verdadeiro – o que torna ainda mais pertinente o mistério sublinhado pelo director do PÚBLICO: será que as Igrejas portuguesa e espanhola têm alguma imunidade especial a abusos sexuais, ou pura e simplesmente não se arriscam a encomendar um relatório independente com medo do que ele possa revelar?