Uma Casa no Castanheiro como “barómetro do tempo”

O arquitecto João Mendes Ribeiro venceu o Prémio Nacional de Arquitectura em Madeira de 2021 com a Casa no Castanheiro, na Beira Alta. Uma obra que, diz, “questiona o modo de habitar”.

José Campos
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Uma árvore em Valeflor, entre Trancoso e Mêda, na Beira Alta, inspirou o arquitecto João Mendes Ribeiro. No interior do país, com a Serra da Marofa a delimitar o horizonte, nasceu a Casa no Castanheiro, uma habitação destinada ao turismo rural com apenas 24 metros quadrados.

Trata-se de uma estrutura modular de madeira e cortiça que abraça um castanheiro quase centenário. A obra acaba de ganhar a 6.ª edição do Prémio Nacional de Arquitectura em Madeira (PNAM), que atribuiu ainda menções honrosas a Joana Leandro Vasconcelos, do atelier.in.vitro, com a obra Melo Leote, e à dupla José Manuel Botas Pequeno e Ricardo Nelson do Vale Afonso, com a Praça Pública da Quinta do Brasileiro - Filigrana de Madeira.

João Mendes Ribeiro revela que o castanheiro foi o ponto de partida desta obra e “é o elemento central da casa”. A pretensão do projecto foi “construir com o ambiente e não contra”, defende, “saber utilizar o lugar, o castanheiro e a sua copa”. Na Casa no Castanheiro procurou-se assim que o “habitat se fundisse com o ambiente, que não houvesse ruptura com a paisagem, que a construção fosse sustentável e com uma natureza efémera”. O arquitecto espera mesmo que o castanheiro perdure para além da construção.

Procurando a relação intimista com o elemento vegetal, a escolha dos materiais certos era fundamental. Madeira e cortiça predominam nesta construção, que se quer ligeira para não ferir as raízes do castanheiro e se poder moldar à árvore. Sendo experimental, o projecto foi-se adaptando ao longo do processo. A ideia era não fazer nenhum corte no castanheiro e adaptar a volumetria para que nunca ultrapassasse a copa da árvore.

A obra “questiona o modo de habitar, promove a reflexão sobre a habitação”, considera João Mendes Ribeiro. E, diz, revela a importância do lugar e a relação particular com a natureza. Para o arquitecto, o castanheiro funciona como “o barómetro do tempo”, já que a árvore muda conforme as estações e a casa tinha de o reflectir. E assim deverá ser o futuro da arquitectura — “virado para a sustentabilidade e o interior do país”.

A casa, que pretende ser um “refúgio”, está também nomeada para o prémio de arquitectura contemporânea Mies Van der Rohe 2022.

Texto editado por Amanda Ribeiro

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