A expressão começa a fazer o seu caminho à medida que a noção de que estamos perante uma crise climática se instala no nosso quotidiano: ecoansiedade. Falamos dela, por estes dias, no PÚBLICO, e mostramos como isso afecta, essencialmente, os jovens. Esses que, segundo um Estudo na revista Science conclui que os bebés nascidos em 2020 podem ser forçados a enfrentar duas a sete vezes mais eventos climáticos extremos - incluindo ondas de calor, incêndios, secas, inundações e tempestades - do que alguém nascido em 1960.

É normal que esta ansiedade com o futuro afecte aqueles a quem o futuro – bom ou mau – pertence, e lhes altere, inclusivamente, os planos de vida. E o facto de o mundo ser essencialmente governado por homens de bem com a vida, e maiores de 60, com um horizonte mais reduzido, é apontado muitas vezes como uma das explicações para a inércia com que os Estados lidam com esta crise. Combater as suas causas e mitigar os seus efeitos têm impactos sócio-económicos imediatos – veja-se o dilema do encerramento da Galp em Matosinhos – mas muitos jovens sentem que, tolhidos pelo medo do que acontece aqui e agora, os seus líderes estão a fazer poucos avanços

O pior do medo é quando nos paralisa. Tenhamos nós a idade que tivermos. Enquanto sociedade temos de estar atentos a esta ansiedade juvenil, mas temos também, de facto, de arrepiar caminho, por eles, e por nós. O combate à devastação ambiental e à crise climática faz-se em muitos tabuleiros - desde o das fontes energéticas, ao da alimentação, ou ao da mobilidade urbana e transportes no geral – e todos eles mexem com o nosso estilo de vida. Por cá aprendemos, como no resto do mundo desenvolvido, a desejar uma casa (mas quanto maior melhor), um carro (quanto maior melhor) e muitos outros objectos que, multiplicados por sete mil milhões tornariam impossível a vida neste planeta, tal o nível de recursos necessários para os produzir, e tal o impacto da sua produção no nível de emissões.

Para aqueles que já interiorizamos que algo tem de mudar, para evitar esse cenário, a pergunta é outra: Como fazer dessa mudança uma experiência positiva, na nossa existência individual e colectiva? Talvez aqui esteja parte da resposta à ecoansiedade dos nossos filhos. 

Voltamos de hoje a duas semanas, com os Pés na Terra. Até lá deixo-lhe mais algumas sugestões de leitura