Chukri, finalmente

Ajuda a perceber melhor a natureza deste livro, e toda a sua crueza, se acrescentarmos que se trata de um texto autobiográfico e que o seu autor só aprendeu a ler aos 21 anos.

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Tânger foi a cidade que uniu Chukri e Bowles sergio azenha ( colaborador)

“Choro a morte do meu tio, rodeado de crianças. Algumas choram comigo. Já não é só quando me batem ou perco alguma coisa que choro. Reparo que as outras pessoas também choram. É a fome no Rife. A seca e a guerra”. O livro chama-se Pão Seco e o autor Muhammad Chukri (1935-2003). Este início é apenas uma antecâmara da violenta narrativa que se desenrola ao longo de duas centenas de páginas. Chukri faz do leitor um saco de boxe, que é o que a vida fez dele mesmo. Ler Chukri é um atrevimento: a escrita é torrencial e o autor está-se nas tintas para qualquer disciplina ou normatividade literária e gramatical.

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“Choro a morte do meu tio, rodeado de crianças. Algumas choram comigo. Já não é só quando me batem ou perco alguma coisa que choro. Reparo que as outras pessoas também choram. É a fome no Rife. A seca e a guerra”. O livro chama-se Pão Seco e o autor Muhammad Chukri (1935-2003). Este início é apenas uma antecâmara da violenta narrativa que se desenrola ao longo de duas centenas de páginas. Chukri faz do leitor um saco de boxe, que é o que a vida fez dele mesmo. Ler Chukri é um atrevimento: a escrita é torrencial e o autor está-se nas tintas para qualquer disciplina ou normatividade literária e gramatical.