EUA pediram encerramento de operações em Cabul até sexta-feira

Ministra da Defesa belga disse que todas as nações a operar no aeroporto de Cabul têm agora “até 27 de Agosto, mas isso pode mudar”. O objectivo é “tirar as pessoas o mais rápido possível”.

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A Bélgica já retirou 1.147 pessoas do país, que foram transferidas de Cabul para Islamabad, capital do Paquistão STEPHANIE LECOCQ/EPA

Os Estados Unidos pediram aos países que realizam as retiradas do Afeganistão que encerrem as suas operações na sexta-feira, segundo a ministra da Defesa da Bélgica, Ludivine Dedonder.

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Os Estados Unidos pediram aos países que realizam as retiradas do Afeganistão que encerrem as suas operações na sexta-feira, segundo a ministra da Defesa da Bélgica, Ludivine Dedonder.

Em entrevista aos jornais belgas L'Echo e De Tijd, a ministra disse que Washington pediu aos aliados que encerrem as suas operações “o mais rapidamente possível”, antes de terem de retirar as suas tropas e o material do Afeganistão.

"De momento, temos até 27 de Agosto, mas isso pode mudar. O objectivo, em todo o caso, é tirar as pessoas o mais rápido possível”, disse a ministra ao L'Echo, lembrando que este prazo é o mesmo para todas as nações a operar agora em Cabul.

A Bélgica já retirou 1147 pessoas do país, que foram transferidas da capital afegã para Islamabad, capital do Paquistão, que está a funcionar como base para os voos que depois as levarão à Europa.

Destes, cerca de 700 já chegaram à Bélgica, em três voos desde o início da operação a 20 de Agosto. O mais recente aterrou na manhã desta quarta-feira na base aérea de Melsbroek, nos arredores de Bruxelas, com 198 pessoas a bordo. Um segundo voo deve chegar também nesta quarta-feira, com mais 272 pessoas.

Após um início complicado devido à situação caótica em torno do aeroporto de Cabul, onde centenas de pessoas se aglomeram tentando fugir do país depois de os taliban tomarem a capital, a Bélgica acelerou a retirada que, segundo a ministra da Defesa “desenvolveu-se relativamente bem, num contexto difícil”.

No entanto, Dedonder observou que a situação é “extremamente volátil” e que realmente é preciso celeridade, porque “num momento ou outro os portões (do aeroporto de Cabul) vão encerrar-se".

“Para o futuro pedimos que, quando formos a um teatro de operações, preparemos a estratégia de saída. Devemos poder sair de outra forma, não apressadamente ou a depender de uma decisão externa”, disse.

A ministra, que não soube informar o número de belgas que ainda aguardam a sua retirada, explicou que neste momento o Exército belga não realiza operações fora do aeroporto, à semelhança de outros países, por não ter capacidade para o fazer com segurança.

Até agora, as pessoas têm sido orientadas a deslocarem-se ao aeroporto por meios próprios, mas “à medida que a situação vai evoluindo, estão a ser estudadas todas as opções possíveis”, explicou Dedonder.

A ministra não quis confirmar ou negar as informações do canal público VRT, de acordo com o qual a Bélgica teria transportado cerca de 250 pessoas para o aeroporto numa operação secreta sem intervenção militar.

Os taliban pediram aos cidadãos esta semana para não se deslocarem até ao aeroporto, o que junto com o curto tempo para completar as retiradas faz muitos países temerem que os seus cidadãos ou colaboradores afegãos fiquem retidos no país a partir de 31 de Agosto.

Apesar das pressões europeias, expressas na terça-feira na reunião dos dirigentes do G7, o Governo dos Estados Unidos decidiu manter essa data, considerada uma linha vermelha pelos taliban para a retirada das tropas estrangeiras.

A entrada das forças dos taliban em Cabul, em 15 de Agosto, pôs fim a uma campanha militar de duas décadas liderada pelos Estados Unidos e apoiada pelos seus aliados, incluindo Portugal. As forças de segurança afegãs, treinadas pelos militares estrangeiros, colapsaram antes da entrada dos taliban na cidade de Cabul.

Milhares de afegãos, em Cabul, querem fugir do país e muitos tentam chegar ao aeroporto internacional da capital afegã, onde a situação continua caótica.