Andamos confusos, à procura da nossa identidade, à procura de quem somos. Ao contrário das gerações anteriores, as novas aí estão francas, a dizer-nos com sinceridade que não sabem quem são, que estão confusas, que ainda se estão a descobrir. Assim foi, há uns meses, com a actriz Ellen Page que assumiu ser trans e que agora é Elliot Page. Esta semana foi a vez de a britânica Emma Corrin, que foi a princesa Diana na série The Crown, dizer que é queer — uma designação que abrange as pessoas que não correspondem à heteronormatividade, seja em relação à identidade de género ou à orientação sexual. 

Aos 25 anos, Emma Corrin não quer fechar-se na gaveta do sexo masculino ou feminino, mas também confessa que ainda não sabe bem como se definir. “Levei muito tempo a perceber que existo algures no meio, e ainda não tenho certeza onde é isso.” Se, por um lado, é importante assumir as suas dúvidas — até porque pode ser um exemplo ou uma inspiração para quem viva os mesmos dilemas —; por outro, não deixa de ser corajoso face às críticas, que são muitas vezes ferozes.

No mesmo sentido — de normalizar e respeitar a diferença — vai um parecer do comité consultivo LGBTQ da American Medical Association, a maior associação de médicos do país, que defende o retirar da certidão de nascimento os “rótulos” relacionados com o género. Atribuir um sexo “masculino” ou “feminino” no nascimento “falha em reconhecer o espectro médico da identidade de género”, defende. 

Na segunda-feira, o príncipe André, duque de Iorque, foi acusado formalmente de abuso sexual por Virginia Giuffre, que diz ter sido traficada sexualmente pelo magnata norte-americano Jeffrey Epstein. A norte-americana de 38 anos conta ter sido abusada em três situações diferentes, quando tinha 17 anos, pelo filho da rainha Isabel II. “Estou a responsabilizar o príncipe André pelo que fez comigo”, declarou Giuffre, em comunicado.

Ainda no campo do assédio e abuso sexual, esta semana, o apresentador norte-americano Stephen Colbert acusou a CNN de ter um conflito de interesses no caso do ex-governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo. Afinal, o irmão mais novo, Chris Cuomo, é uma das principais figuras do canal.

Um pouco por todo o mundo, o fenómeno #metoo tem contribuído para chamar à atenção problemas com que as mulheres se debatem. Na Coreia do Sul existe aquilo a que se chama "terrorismo de sémen" que consiste em homens ejacularem ou usarem o seu esperma para ofenderem mulheres ao sujarem as suas roupas ou outros pertences. Até agora, esta atitude não é considerada como assédio ou abuso sexual, mas é visto como "dano de propriedade". Duas deputadas exigem que a lei seja mudada e exigem a criminalização do "terrorismo do sémen".

Voltando à família real britânica, no final da semana soube-se que Meghan e Kate poderão ter estreitado relações depois do nascimento da filha da ex-actriz norte-americana. Aparentemente, as cunhadas estão mais próximas; assim como Harry e Eugenie mantêm uma relação próxima — das duas vezes que o príncipe foi ao Reino Unido ficou em casa da prima, e esta vai participar numa das iniciativas de solidariedade promovidas por Meghan.

Um episódio que terá sido um ponto de discórdia entre as cunhadas aconteceu antes do casamento de Harry e Meghan com os vestidos das meninas das alianças. Por cá, para evitar todo e qualquer inconveniente com vestidos repetidos em cerimónias, a marca Chita das irmãs Maria e Rita Oom aposta não nas noivas, mas nas suas convidadas. Já o Epitô Atelier, das amigas Rita Cruz e Rebeca Caldeira, desenha vestidos de noiva originais. Em suma, para noivas e convidadas, o segredo parece estar na personalização do que se veste​. Outro negócio próprio, que demos a conhecer esta semana, é o do casal Rita Bastos e Manuel Laranjo, o Bou Market, uma plataforma online que reúne mais de 200 marcas portuguesas, da moda aos acessórios, passando pelos produtos gourmet

A jornalista Graça Barbosa Ribeiro e o repórter fotográfico Adriano Miranda foram até Coimbra para conhecerem Vanessa Kuzer, maquilhadora profissional, de 46 anos, Andreia de Carvalho, psicóloga educacional, de 45, e Maria José Cabrita, professora de Português, de 54. As três aceitaram ser fotografadas antes, durante e depois de serem maquilhadas, para falarem dos efeitos secundários da quimioterapia. Não do cansaço e das náuseas, mas dos efeitos secundários nos seus rostos e, principalmente, no rosto dos outros. É verdade, garantem, a quimioterapia muda, também, o rosto, os olhos e o olhar dos outros.

Terminamos com uma batalha entre o Verão e o Inverno. Madalena Sá Fernandes — cuja coluna quinzenal se chama A minha praia — escreve sobre como o Verão cresce em nós, desde que éramos crianças até agora, que somos mães; já Carmen Garcia — cuja coluna semanal se chama Tanto faz não é resposta — defende o Inverno e confessa não gostar desta estação quente. Esperem pelo Natal, convida-nos. 

Boa semana!

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