Parlamento da Lituânia debate construção de barreira na fronteira com a Bielorrússia

Em discussão vai estar a construção de uma barreira de metal de quatro metros com arame farpado. Minsk tem incentivado a passagem de migrantes, a maioria iraquianos, para a Lituânia.

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Soldados lituanos puseram arame farpado em parte da fronteira com a Bielorrússia JANIS LAIZANS/Reuters

O Parlamento da Lituânia vai discutir esta terça-feira a construção de uma barreira de metal com arame farpado na sua fronteira com a Bielorrússia, para impedir a passagem de pessoas que têm cada vez mais atravessado a fronteira e que são, na maioria, do Iraque.

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O Parlamento da Lituânia vai discutir esta terça-feira a construção de uma barreira de metal com arame farpado na sua fronteira com a Bielorrússia, para impedir a passagem de pessoas que têm cada vez mais atravessado a fronteira e que são, na maioria, do Iraque.

Nas últimas semanas, tem aumentado o número de pessoas a chegar à Lituânia, Letónia e Polónia vindas da Bielorrússia, o que as autoridades desses países dizem ser um meio do regime de Alexander Lukaschenko pressionar a União Europeia a reverter as sanções que aplica ao seu país por causa da repressão violenta à oposição depois das eleições do Verão passado, vistas como fraudulentas, que levaram a grandes protestos. 

A tensão entre a UE e a Bielorrússia aumentou depois de a Bielorrússia ter desviado um avião de passageiros, a 23 de Maio, para deter um jornalista da oposição que seguia a bordo. E Bruxelas já ameaçou mais sanções pela “instrumentação” dos migrantes e requerentes de asilo.

Em discussão no Parlamento da Lituânia está a construção de uma barreira de metal de quatro metros com arame farpado em 508 km do total de 670 km da sua fronteira com a Bielorrússia, a um custo de 152 milhões de euros, segundo a agência Baltic News Service, que cita o serviço de fronteiras da Lituânia. O país já tinha começado a pôr arame farpado na fronteira.

O Parlamento vai ainda discutir uma autorização para o Exército patrulhar a fronteira (actualmente uma tarefa apenas da polícia de fronteira), e restringir temporariamente a possibilidade de requerentes de asilo fazerem o seu pedido em qualquer local do país, passando a ser possível apenas em locais como postos fronteiriços ou embaixadas.

Este ano entraram mais de 4000 pessoas de modo ilegal na Lituânia, um país de 2,8 milhões de habitantes, vindos da Bielorrússia, segundo o Ministério do Interior. Em todo o ano de 2020, foram 74 pessoas no total.

A maior parte das pessoas vêm do Iraque, e de seguida da República Democrática do Congo e dos Camarões, segundo o serviço de fronteiras da Lituânia.

As autoridades lituanas dizem que os migrantes têm chegarem, de avião, a Minsk, com vistos de turismo, e que são depois levados em carrinhas até à fronteira com a Lituânia. Na semana passada, o Ministério do Interior divulgou um vídeo em que dizia poder-se ver guardas de fronteira da Bielorrússia ajudando migrantes a passar irregularmente para a Lituânia.

Na Letónia, cerca de 160 pessoas foram detidas por atravessar de modo ilegal a fronteira da Bielorrússia, disseram as autoridades na segunda-feira, levando o ministro do Interior a pedir que declarar estado de emergência na fronteira.