Maior hospital privado do país assume papel de relevo na formação de profissionais de saúde

O Trofa Saúde Hospital Central, em Vila do Conde, é também hospital-escola para os alunos da CESPU, projecto que surgiu no âmbito da Associação Ensinar Saúde Norte.

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D.R.

Ao longo dos quase 40 anos de ensino na área da saúde, a CESPU - Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário tem apostado em proporcionar aos seus alunos uma aprendizagem tão prática quanto possível. O modelo de ensino adoptado levou à criação de clínicas universitárias, laboratórios e ao estabelecimento de parcerias que garantam o ensino em ambiente real. Essa necessidade conduziu à fundação, em 2019, da Ensinar Saúde Norte - Associação para Ensino, Investigação e Desenvolvimento dos profissionais da Saúde. Um projecto conjunto com o Grupo Trofa Saúde que se materializa na criação do Trofa Saúde Hospital Central (TSHC), em Vila do Conde, como hospital-escola para os alunos da CESPU. No fundo, foi a formalização de uma “parceria focada no desenvolvimento clínico, académico e científico desta unidade hospitalar” através da criação de uma associação sem fins lucrativos, como resumido por António Almeida Dias, presidente do Conselho de Administração da Cooperativa de Ensino.

A relação entre as entidades já vem de trás: “a CESPU e o Grupo Trofa Saúde têm desenvolvido, ao longo da sua existência, algumas parcerias, o que se justifica por terem como denominador comum a Saúde”, conta António Almeida Dias. Estágios, “partilha de recursos humanos que colaboram em ambas as instituições” e a “participação conjunta em projectos” são exemplos dessa antiga cooperação, explica.

Os quase 42.000 metros quadrados do até então Hospital Senhor do Bonfim, adquirido e rebaptizado de Hospital Central pelo Grupo Trofa Saúde, fazem dele o maior hospital privado do país mas também uma referência pelas condições físicas e tecnológicas que reúne. A motivação para a criação da Associação surge daí, resultado de um estudo do próprio hospital: “perfeito para o desenvolvimento de um Campus de ensino da saúde” foi a conclusão, conforme partilhado pelo responsável pela CESPU. Assim que o hospital foi adquirido pelo Grupo Trofa Saúde:“de imediato promovemos alguns encontros dos quais se concluiu existirem um conjunto de objectivos comuns”, explicou Almeida Dias, “que confluíam no desenvolvimento de um projecto de excelência, conjugando as actividades clínicas, o ensino e a investigação.” Para os alunos da CESPU, contar com um corpo docente de excelência e um equipamento assim para adquirirem experiência e contacto com situações reais é incomparavelmente enriquecedor. Um espaço onde é possível juntar “todas as valências clínicas, cirúrgicas, de diagnostico e terapêutica”, continuou, e “que permite desenvolver modelos de ensino em ambiente real de trabalho, com a enorme vantagem de isso acontecer em equipas multidisciplinares.” 

Nas palavras de José Vila Nova, fundador e agora vice-presidente do Grupo Trofa Saúde, o ensino e a investigação fazem parte da estratégia de dinamismo e melhoria constante dos serviços que prestam. A aquisição do Hospital Central e a criação da AESN só materializam esse desígnio: “desta forma encetamos uma caminhada em que estamos já a contribuir para a formação de profissionais nas diversas áreas da saúde”, um acompanhamento no qual têm natural interesse. Sobre o hospital, José Vila Nova enfatiza: “parece-nos perfeitamente natural fazer dele um verdadeiro hospital universitário em ambiente privado”. Defende mesmo que é “o corolário perfeito e justo”, proporcional à dimensão da sua “grandiosidade física, tecnológica e humana”. 

Ensinar saúde - que futuro? 

Para já apenas a Norte, concretamente no TSHC, mas esta Associação de Ensino tem tudo para se transformar numa entidade transversal a todo o país. “Segundo julgo”, arrisca Almeida Dias, a CESPU é a instituição nacional “que apresenta o maior número de ciclos de estudo e pós-graduações abrangendo praticamente todas as áreas científicas e tecnológicas do sector da saúde”. Com a ambição de incluir, finalmente, o curso de Medicina na oferta formativa, surgiu também a necessidade de contar com unidade hospitalar “para sediar uma parte significativa do ensino clínico”, explicou Almeida Dias. Neste momento, o curso será sujeito a avaliação para autorização de funcionamento, mas o presidente do conselho de administração da CESPU garante que “tem vindo a ser desenvolvido um inovador modelo”, nos últimos anos, pelo Instituto Universitário de Ciências da Saúde da Cooperativa de Ensino. No horizonte, além da licenciatura, José Vila Nova Nova diz ver como  “essencial” poderem vir a dar “contributo, no curto prazo, para a implementação de um mestrado privado em Medicina” bem como “entrar na formação pós-graduada de médicos especialistas”. Se tal vier a acontecer, decerto passará por uma entidade só: a Associação Ensinar Saúde Norte.

Para além da formação pré-graduada, a Associação está vocacionada para o desenvolvimento de “programas que tornem possíveis quer a aprendizagem ao longo da vida, quer a formação especializada nas diferentes áreas profissionais da saúde”, acrescentou Almeida Dias. José Vila Nova, por seu turno, admite que o projecto da AESN “pretende, complementarmente ao Hospital Central, tirar partido da capacidade instalada, tecnologias e skills de toda a rede hospitalar” do Grupo Trofa Saúde. Garante que vão “promover a articulação entre todas as 16 unidades de saúde”, colocando-as ao serviço do ensino e da investigação - outro dos objectivos a atingir é a integrar a investigação e desenvolvimento no dia-a-dia do hospital-escola.