Muitos adeptos torceram o nariz ao futebol

As ausências nos dois clubes são notícia, com milhares de bilhetes devolvidos, mas também é notícia ter havido som humano vindo das bancadas.

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Adriano Miranda
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Meses e meses de espera para que se autorizasse a entrada de adeptos nos jogos de futebol deram em… bilhetes devolvidos e mais cadeiras vazias do que seria suposto no Estádio Municipal de Aveiro.

A final da Supertaça entre Sporting e Sp. Braga teve cerca de seis mil espectadores nas bancadas, apesar de já serem permitidos cerca de dez mil (correspondentes a 33% da lotação do recinto).

Em matéria de adesão popular, a alta expectativa por ver futebol ao vivo talvez não fosse tão alta assim. E nenhuma das equipas tem “folha limpa” em matéria de ausências.

Do lado do Sp. Braga, que tinha 3814 bilhetes, foram mesmo devolvidos 2211 ingressos à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e o clube minhoto deixou uma crítica à falta de procura. “O Sp. Braga reconhece e agradece o apoio de todos os seus sócios e adeptos, mas lamenta profundamente a devolução de 2211 bilhetes à FPF”, apontou, em comunicado.

Mas também a claque “leonina” Torcida Verde abdicou de estar em Aveiro – não por falta de interesse, mas por discordar dos moldes que permitiam a presença de público. “Para nós, ultras, estar numa curva com uma máscara, com distanciamento social, confinado a uma cadeira, qual cliente de um teatro, é contrário à nossa identidade”, referiu a claque.

Sem febre e munidos de máscara, certificado de vacinação e teste recente à covid-19, os adeptos que quiseram ir a Aveiro já puderam ver futebol ao vivo.

Exceptuando alguns testes-piloto, os jogos de futebol estavam há vários meses sem cânticos, palmas, assobios e “bruaás”. Ontem, já houve tudo isso. E Fernando Gomes, presidente da FPF, quer que haja mais ainda, fazendo votos de que a percentagem de espectadores agora autorizada (33%), “seja sempre utilizada na totalidade, num trabalho exigente de reconquista do público para jogos ao vivo”.

“O número de espectadores que formos tendo, mostrará - isso sim - a nossa capacidade de entender que os impactos da pandemia não se resolvem por protocolo sanitário, mas serão ultrapassados por um esforço concertado de larga escala e tempo, aliando preço, segurança e conforto”, acrescentou à Lusa.

As ausências dos dois lados são notícia, mas também é notícia o regresso do som humano vindo das bancadas. Se tudo correr bem, o regresso das pessoas deixará, em breve, de ser conteúdo de jornal.

Quem lá esteve esteve feliz

Os adeptos de Sporting e Sp. Braga que se deslocaram a Aveiro para assistir à Supertaça mostraram-se satisfeitos com o regresso do público aos estádios, adiantando que tinham saudades de ver jogos ao vivo.

“Tinha bastante saudade de acompanhar os jogos ao vivo, porque o futebol faz parte do meu ADN e, então, estes domingos sem futebol são bastante melancólicos”, disse à Lusa Gilberto Silva, que veio de Braga para ver o jogo.

Este adepto bracarense mostrou-se naturalmente satisfeito com o regresso do público aos estádios e diz que “esta ideia dos testes é uma segurança para todos”, apesar de ser mais um custo a somar ao valor dos bilhetes e das deslocações. “Claro que se o futebol fosse sem testes, teríamos aqui nove ou dez camionetas do Braga e, neste momento, temos duas”, afirmou.

Francisco Sá Coutinho também saiu de manhã de Braga com o filho de 12 anos para ver o jogo. Para adquirir o bilhete, o pai apresentou o certificado de vacinação e o filho, como ainda não tem idade para receber a vacina, teve de fazer o teste à covid-19.

“Hoje em dia é um luxo conseguir ver algum desporto. Toda a gente tinha saudade de ver qualquer espectáculo, não é só o futebol”, disse este adepto bracarense, que não entrava num estádio de futebol desde Outubro de 2020, quando os minhotos jogaram com o AEK de Atenas, na fase de grupos da Liga Europa.

João Gomes, de Oeiras, também já não via um jogo do Sporting ao vivo desde Março do ano passado e aproveitou esta primeira oportunidade de abertura ao público para vir a Aveiro ver a Supertaça.

“Não podíamos ir ao estádio por causa da pandemia e andávamos todos deprimidos. A pessoa tem que se sentar no sofá a olhar para a televisão”, disse este sócio do Sporting.

Miguel Ferreira, de Estarreja, que procura ver os jogos do Sporting sempre que os “leões” se deslocam ao norte do país também estava naturalmente satisfeito com a possibilidade de ver este jogo ao vivo: “O público traz sempre outra emoção ao estádio”.

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