Em 1924, foi encontrado um questionário respondido por Marcel Proust (1871-1922), que acabaria por ser publicado na revista literária francesa Les Cahiers du Mois. A partir de então, as perguntas foram copiadas milhares de vezes, e o Questionário de Proust está de volta às páginas do PÚBLICO para uma oportunidade de conhecer melhor uma série de personalidades.

Esta semana, Ana Margarida de Carvalho, autora de Não se Pode Morar nos Olhos de um Gato, confessou que os seus “arrependimentos vão parar todos aos livros”; a professora no ISEG - Instituto Superior de Economia e Gestão e agora vice-presidente do Conselho Económico e Social, Sara Falcão Casaca, revelou que “é a volta de uma boa mesa” que se sente mais feliz; o historiador e professor Francisco Bethencourt assumiu o desprezo pelos “políticos do ódio”; o antigo ministro da Cultura Luís Filipe Castro Mendes avaliou que “o cúmulo da miséria é ninguém se lembrar de nós”, enquanto o vice-presidente do PSD, David Justino, apontou a mira da miséria aos bufos. Já o colunista do PÚBLICO João Miguel Tavares apontou a hipocrisia como o traço de personalidade que mais o irrita nos outros: “Dissimulados e chicos espertos dão cabo de mim.”

Não seria o caso de Florence Nightingale, a “senhora da lamparina”, que lançou as bases para o que a enfermagem é hoje e sobre quem Carmen Garcia escreve, considerando “uma pena (…) que, num período em que falamos tanto em lavagem e desinfecção das mãos e em que “comemos” conceitos como assepsia ao pequeno-almoço, poucas vezes nos lembremos da mulher que os trouxe para a prática e que os colocou, não sob as luzes da ribalta, mas sob a luz da lamparina com que percorria as enfermarias durante a noite para cuidar dos soldados feridos na Guerra da Crimeia (1853-1856).”

É também a Florence Nightingale que a professora associada do Instituto de Ciências da Saúde, da Escola de Enfermagem do Porto e da Universidade Católica Portuguesa, Constança Festas, recorre para explicar por que motivos os cuidados de enfermagem precisam de enfermeiros que investiguem.

Entretanto, a tocha olímpica iluminou-se, mas por Tóquio não se fala só de desporto. As ginastas alemãs estão a fazer história por defenderem que “cada mulher, toda a gente, deveria decidir o que vestir”. Ou seja, tanto poderão apresentar-se com o típico maiô de meia manga, como com um fato completo, como na foto em baixo (Arnd Wiegmann/Reuters)​ – a decidirem como lhes apetecer a cada dia.

Os uniformes desportivos das mulheres têm dado, aliás, que falar: no último fim-de-semana, a atleta paralímpica Olivia Breen denunciou o facto de uma oficial de pista do campeonato inglês de atletismo, que incluiu provas do campeonato de atletismo para deficientes, ter criticado os seus calções por serem “demasiado curtos e inapropriados”.

Em contramão segue a nova edição anual da revista Sports Illustrated Swimsuit, onde cabe um mundo de corpos. Magros, gordos, voluptuosos, com celulite, a revelarem o contorno dos ossos. A ideia é ver a beleza de todos corpos tal qual eles são.

Uma ajudinha poderá vir do mundo da moda com o designer Virgil Abloh a juntar-se ao conglomerado LVMH, ao qual vendeu a maioria das acções da sua marca, a Off-White. É que, nos últimos três anos, Virgil Abloh, que foi considerado pela revista Time uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2018, tem vindo a distinguir-se no mundo da moda por passar mensagens de inclusividade e de igualdade de género, levando para os desfiles temas como a identidade racial, através de performances de poesia ou instalações artísticas.

Da semana, destaque para o facto de se ter assinalado o Dia Mundial do Cérebro. No Ímpar, recebemos “a sapientíssima e esfuziante Maria Begoña Cattoni” (como Miguel Esteves Cardoso descreveu, há uns anos, a neurocirurgiã), que nos explica a electroestimulação cerebral profundauma das técnicas neurocirúrgicas mais inovadoras das últimas três décadas, que veio devolver qualidade de vida a muitos doentes parkinsónicos.

A propósito, contamos a história do suíço Yves Auberson, de 52 anos, diagnosticado com Parkinson aos 35, que encontrou no desporto uma arma para desacelerar a progressão da doença. Há um ano, o ex-golfista profissional caminhou mais de 1100 quilómetros através dos Alpes para aumentar a consciência sobre a doença neurodegenerativa. Agora, depois de há uns meses ter sido submetido a uma estimulação cerebral profunda, prepara-se para se lançar numa nova aventura, que incluirá pedalar e nadar.

Ainda no Dia Mundial do Cérebro, tentámos perceber como este órgão se desenvolve nos primeiros anos de vida. E, segundo a investigadora Raquel Corval, desenvolve-se a um ritmo “alucinante”. Só que há formas de potenciar um desenvolvimento positivo. Aquelas passam, segundo aquela psicóloga, pela qualidade do vínculo afectivo, defendendo que “nos primeiros tempos, não há que ter medo de dar colo”. Mas também pelo brincar, como nos explicou a psicóloga Andreia Furtado: “É a brincar que as crianças aprendem a aprender, sendo fundamental para o neurodesenvolvimento. Brincar cria auto-estradas no cérebro.”

Terá sido talvez o caso da pequena Nina Gomes (na foto em baixo, Pilar Olivares/Reuters) que, com apenas 4 anos, é uma activista ambiental que cuida das praias do Rio de Janeiro. Porquê? Porque se não o fizer, explica, “peixes e tartarugas morrem”.

De facto, as competências socioemocionais nunca foram levadas tão a sério. E, cientes de que é algo que se constrói ao longo da vida, a Gulbenkian e o Ministério da Educação vão avançar com formação de professores para a “promoção da literacia emocional”.

As emoções são, contou-nos Virginia López, extremamente importantes na área das vendas. A ex-jornalista escreveu Supervendedora, Supervencedora, que constitui uma espécie de manual sobretudo dirigido a mulheres. Afinal, considera, “Se nós, mulheres, fôssemos melhores vendedoras de nós próprias, estaríamos mais bem posicionadas nas chefias, nos cargos de sucesso e liderança, ganhávamos melhor as discussões saudáveis com os nossos parceiros e conseguíamos ter uma relação mais saudável com os nossos filhos”.

As competências socioemocionais voltam a ser relevantes quando se trata de olhar para a velhice. E, defende o Núcleo de Estudos de Geriatria, é urgente acabar com os preconceitos contra os mais velhos. Para tal, lançou uma campanha que conta com figuras de proa, que provam que a idade é só um número: Marcelo Rebelo de Sousa, Adriano Moreira, Eunice Muñoz, José Jorge Letria, Ruy de Carvalho, Rui Nabeiro e Simone de Oliveira

Para terminar, continuamos a acompanhar o estado de saúde de Rogério Samora, que sofreu uma paragem cardiorrespiratória, na última terça-feira, e se mantém internado no Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca (Amadora Sintra). Embora estável, o prognóstico é reservado. Agora, é desejar uma rápida recuperação ao actor, de 62 anos, e que o incidente não tenha passado de um susto.

Uma boa semana!

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