Parques e jardins citadinos são importantes hotspots de diversidade microbiana

Estudo sobre a biodiversidade escondida em parques e jardins de 56 cidades do mundo teve a participação de dois investigadores da Universidade de Coimbra

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Adriano Miranda

Dois investigadores da Universidade de Coimbra participaram num estudo sobre a biodiversidade escondida em parques e jardins de 56 cidades do mundo que revela que “os solos destes espaços verdes urbanos são importantes hotspots de diversidade microbiana”.

“O estudo, que teve a participação dos investigadores Jorge Durán e Alexandra Rodríguez, do Centre for Functional Ecology da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), descreve, pela primeira vez, o microbioma do solo de espaços verdes urbanos de diversos países, desde grandes cidades como Pequim (China) ou Cidade do Cabo (África do Sul), até cidades mais pequenas como Coimbra (Portugal) ou Alice Springs (Austrália)”, refere a Universidade de Coimbra (UC) em comunicado enviado à agência Lusa.

“No entanto, à semelhança do que acontece com as plantas e as aves, como os pombos selvagens, muitas das espécies microbianas que habitam estes espaços podem ser encontradas em parques de todo o mundo”, acrescenta a nota sobre este artigo científico publicado na revista Science Advances.

O investigador Jorge Durán, citado na nota, explica que “os espaços verdes urbanos ao longo do mundo são muito idênticos, frequentemente com relvados e práticas de gestão semelhantes, que tendem a homogeneizar os micróbios que vivem nas cidades de áreas muito diferentes”.

Saúde física e mental

Os autores notam que estes espaços “são essenciais para a saúde física e mental de todos os cidadãos” mas, são também, “um importante refúgio de biodiversidade animal e vegetal, facilitando a ligação entre os ecossistemas naturais de cidades diferentes”.

“Se por um lado temos já uma ideia clara de quais as espécies de plantas e aves que habitam os nossos espaços verdes urbanos, sabe-se muito pouco acerca da diversidade por debaixo dos nossos pés, apesar de constituir a maior parcela de biodiversidade nos nossos parques e jardins. Estes micróbios estão em contacto directo connosco quando passamos tempo no exterior a praticar desporto e a socializar nos parques, e desempenham um papel importante na promoção do nosso sistema de imunorregulação e na redução de alergias”, acrescentam.

O estudo também destaca que os espaços verdes urbanos “comportam uma proporção maior de patógenos de plantas e fungos e uma predominância menor de micróbios simbióticos em comparação com os ecossistemas naturais”, adianta a UC.

De acordo com a fonte, demonstra, ainda, que as condições socioeconómicas e climáticas podem influenciar os micróbios que habitam nos parques, “com evidência de que as cidades mais densamente povoadas têm uma proporção maior de genes-chave de resistência a antibióticos e de que cidades mais quentes têm uma maior quantidade de fungos patógenos de plantas”.

“Os resultados obtidos sugerem que o combate às pragas de plantas nos parques da cidade será mais difícil e custoso face às alterações climáticas”, aponta a investigadora Alexandra Rodríguez.

O esforço global de colaboração, no qual investigadores de dezenas de instituições recolheram amostras de solo de 112 ecossistemas terrestres em 17 países, “fornece a primeira lista de espécies de “archaea”, bactérias, fungos e protistas que habitam os nossos parques”, remata.

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