Merkel afasta cenário de vacinação obrigatória na Alemanha

A Alemanha “não tenciona” tornar obrigatória a vacinação contra a covid-19. Em França, a vacinação será obrigatória para os profissionais de saúde, assim como na Grécia ou em Itália.

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Em França, os profissionais de saúde que não aceitarem a vacina sofrerão consequências Reuters/CLODAGH KILCOYNE

A Alemanha “não tenciona” tornar obrigatória a vacinação contra a covid-19, afirmou esta terça-feira a chanceler alemã, Angela Merkel, defendendo uma maior aposta na comunicação dos benefícios das vacinas para garantir a adesão da população.

“Não creio que possamos ganhar a confiança mudando o que dissemos, ou seja, que não é uma vacinação obrigatória”, disse a chanceler alemã, numa conferência de imprensa realizada no Instituto Robert Koch (RKI), a autoridade responsável pela prevenção e controlo de doenças na Alemanha.

“Mas penso que podemos ganhar a confiança ao publicitar a vacinação e também ao permitir que o maior número possível de pessoas da população (...) se tornem embaixadores da vacina a partir da sua própria experiência”, prosseguiu Merkel, indicando que ela própria, na qualidade de chanceler, irá promover, “com uma convicção profunda”, os benefícios de estar vacinada. E argumentou: “Quantos mais tivermos vacinados, mais livres seremos, mais poderemos viver de novo”.

Cerca de 35,4 milhões de pessoas na Alemanha (42,6% da população) já têm a vacinação completa contra a covid-19, enquanto 48,6 milhões (58,5% da população) já receberam uma dose, precisou o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, lamentando uma tendência de “abrandamento” que está a ser verificada no ritmo nacional de inoculações.

As declarações de Merkel surgem num momento em que a obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19 começa a ganhar terreno na Europa, face à rápida progressão da variante Delta do SARS-Cov-2 (caracterizada como mais resistente e mais transmissível) no continente europeu.

Corrida às vacinas em França

Centenas de milhares de pessoas em França apressaram-se para agendar a vacinação contra a covid-19 depois de o Presidente francês ter alertado que as pessoas que não estiverem vacinadas irão estar sujeitas a restrições para conter a rápida propagação da variante Delta.

Na noite de segunda-feira, Emmanuel Macron disse que a vacinação não seria obrigatória para a população em geral por enquanto, mas alertou que as restrições terão como alvo aqueles que ainda não foram inoculados. Por outro lado, a vacinação será obrigatória para os profissionais de saúde, que terão que ser inoculados até 15 de Setembro ou enfrentarão consequências.

Stanislas Niox-Chateau, presidente do Doctolib, um dos principais sites do país para o agendamento de vacinas online, disse à rádio RMC que foram registados números recorde de pessoas que procuraram agendar a vacinação após o anúncio de Macron.

“Quase um milhão de marcações para vacinação foram agendadas, o que significa que milhares de vidas foram salvas”, disse o ministro da Saúde, Olivier Veran, à BFM TV.

Segundo o Presidente francês, o certificado de saúde que serve actualmente para participar em eventos de grande escala passará a ser utilizado para várias outras actividades, incluindo para frequentar restaurantes, cinemas e teatros. A partir do início de Agosto, este certificado também será necessário para realizar viagens de longa distância de comboio ou avião, num incentivo para que as pessoas recebam a vacina à medida que as férias de Verão se aproximam.

Na Europa

Outros países europeus também decretaram a obrigatoriedade da vacinação para certos grupos da população, como foi o caso da Grécia, que anunciou na segunda-feira esta medida para os profissionais de saúde a partir do dia 1 de Setembro, ou de Itália, que seguiu a mesma estratégia para médicos e outros profissionais do sector e que admite a aplicação de sanções em caso de incumprimento.

Em 16 de Junho, o Governo britânico já tinha anunciado que ia tornar obrigatória a vacina contra a covid-19 para todos os funcionários de lares de idosos.

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