A heróica Dinamarca de 1992

Se a decisão da meia-final entre Dinamarca e Inglaterra for para os penáltis, uma coisa passará seguramente pela cabeça do guarda-redes Kasper Schmeichel: em 1992, tinha ele apenas seis anos, a selecção dinamarquesa conquistou o lugar na final do Europeu quando o pai, Peter, adivinhou o lado para onde o quase sempre infalível Van Basten ia chutar. 

E os dinamarqueses nem eram para lá estar. Já gozavam alegremente as suas férias quando a guerra nos Balcãs tirou o lugar à Jugoslávia, entrando no seu lugar a selecção escandinava, segunda classificada do grupo na fase de qualificação. O que aconteceu a seguir no Euro-92, na Suécia, o último disputado com apenas oito selecções, entrou para a história da competição: a equipa dos veraneantes venceu a França na fase de grupos, a campeã europeia, Holanda, nas meias-finais, e a campeã do mundo, Alemanha, na final.

A descontraída selecção dinamarquesa que surpreendeu a Europa há 29 anos estava, no entanto, longe de ser uma equipa de segundo plano. Já não contava com grande parte dos jogadores que, na década de 1980, formaram os “Danish Dynamite”, como o colosso Preben Elkjaer, que fumava como uma chaminé e não dispensava a garrafa de vodka, ou a parede Morten Olsen. Mas tinha jogadores como o médio John Jensen, que corria quilómetros, o eficaz Flemming Povlsen e, claro, Peter Schmeichel, não esquecendo o jovem Brian Laudrup. O irmão mais velho, Michael, a estrela da companhia, preferiu ficar de férias…

A Dinamarca que hoje disputa com a Inglaterra o lugar na final é uma digna herdeira da heróica equipa de 1992. E, como todos os verdadeiros candidatos ao título, nunca tem medo de atacar.

Sugerir correcção
Comentar