Publicado em 2017 no Brasil pela Companhia das Letras e no ano seguinte em Portugal, o romance A Glória e seu Cortejo de Horrores, que atravessa não só as várias fases da carreira de um actor de meia-idade, mas também várias épocas da história do Brasil, estará em discussão no próximo Encontro de Leituras, o clube de leitura do PÚBLICO e da Folha de S. Paulo, a 13 de Julho, às 22h de Lisboa (18h de Brasília).

A sua autora, a actriz e escritora Fernanda Torres, é a nossa convidada e responderá às questões dos leitores na sessão Zoom, com a ID 912 9667 0245 e a senha de acesso 547272.

Até lá já se pode ouvir no Podcast Encontro de Leituras a sessão em que o nosso convidado foi Afonso Reis Cabral com o romance Pão de Açúcar (ed. Dom Quixote).

Outra novidade: na semana passada chegou às livrarias portuguesas Escravidão, editado pela Porto Editora, o primeiro volume de uma trilogia que o escritor e jornalista brasileiro Laurentino Gomes dedica à escravatura. O autor dos best-sellers 1808, 1822 e 1889 será em Agosto, dia 10, às 22h em Lisboa, 18h em Brasília, o convidado do Encontro de Leituras. Irá conversar sobre este seu livro. Aqui pode ler-se o segundo capítulo deste volume de Escravidão intitulado O Leilão, que nos leva ao mercado de escravos em Lagos, no Algarve.

Um outro livro, de um outro brasileiro, acaba de ser lançado em Portugal pela Objectiva. Trata-se de Arrancados da Terra, de Lira Neto, jornalista e historiador a viver no Porto, autor de várias biografias, entre as quais a do antigo ditador do Brasil Getúlio Vargas. Nesta biografia, com prefácio de Esther Mucznik, o autor “convida-nos a seguir a personagem de Gaspar, conduzindo-nos até aos cárceres da Inquisição em Portugal, incluindo a tenebrosa Casa do Tormento, e faz-nos assistir às torturas infligidas a Gaspar e à sua mulher Filipa, para que confessem a sua fé judaica”, como contou à jornalista Alexandra Prado Coelho que o entrevistou para o Ípsilon. 

 “Mas este é só o início de uma epopeia que dará a volta ao mundo. Um relato de intolerância, centrado na saga dos judeus sefarditas que, expulsos de Portugal pela Inquisição, encontram refúgio primeiro na Holanda, mais tarde no Brasil e por fim em Nova Iorque, quando esta era ainda Nova Amesterdão.” E, como nos conta Alexandra, Arrancados da Terra, sendo o livro em que o historiador mais recua no tempo, tornou-se, de entre todos os que já escreveu, “o mais actual, o mais contemporâneo”.

Está a ser agora apresentado, na esplanada do Cinema Passos Manuel, no Porto, o livro Arquitecto Oliveira Ferreira: Das praias de Gaia ao centro do Porto, de Domingos Tavares (Dafne Editora). O jornalista Sérgio Costa Andrade esteve à conversa com o arquitecto, professor jubilado e ex-director da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, que quis perceber o que levou Francisco Oliveira Ferreira (1884-1957), depois de Paris e Lisboa, a regressar ao Porto e a Gaia, onde deixou a sua marca em obras como o Sanatório Marítimo do Norte, em Valadares (1915) ou a Clínica Heliantia, em Francelos (1929).

No início deste mês foi lançado pela HarperCollins o livro The Collected Works of Jim Morrison: Poetry, Journals, Transcripts and Lyrics. Uma antologia de quase 600 páginas que “inclui muito material não inédito, como as letras de todas as canções que Morrison assinou com os Doors e os dois livros de poesia que publicou de forma independente em 1969 — The Lords e New Creatures —, mas também traz à luz do dia grande parte dos poemas que, durante anos, o autor escreveu nos seus cadernos e diários”, como nos conta o jornalista Daniel Dias que com Mário Lopes são os autores do dossier que o Ípsilon dedicou a Morrison. 

Bruno Vieira do Amaral passou três anos a trabalhar na biografia do escritor José Cardoso Pires com o título Integrado Marginal, expressão retirada do livro Cardoso Pires por Cardoso Pires a partir de uma entrevista a Artur Portela, em 1991. Foi agora editada pela Contraponto e a crítica literária Isabel Lucas deu-lhe 5 estrelas. “Fiz aquilo que gosto de ler numa biografia”, explicou-lhe Bruno Vieira Amaral numa entrevista que a jornalista fez para o Ípsilon. “Era fundamental que a obra servisse de eixo, e que tudo de alguma forma se relacionasse com a obra.”

Considerado um dos melhores livros do século XXI pelo jornal The GuardianMundo Subterrâneo, de Robert Macfarlane (editada em Portugal pela Elsinore) levou quase uma década a escrever e funciona como uma crónica de viagens ensaística, que faz da ciência e da literatura aliadas. É isto que nos conta a jornalista Claudia Carvalho Silva que entrevistou o autor para o P2.

“Acredito que durante a pandemia, muitas pessoas sentiram esta necessidade visceral de ter contacto directo com a natureza, com o verde, com o chilrear dos pássaros. Passaram a ser um conforto tremendo, pontos de ancoragem. A questão é: será que conseguimos ter uma perspectiva de tempo profundo a partir desta experiência de tempo superficial e construir um futuro melhor tanto para a natureza como para nós no planeta?”, diz o autor britânico nesta entrevista. 

José Riço Direitinho esteve a ler Um Amor, da espanhola Sara Mesa (ed. Relógio D’Água), e diz-nos: “Em Um Amor, Sara Mesa, na sua escrita sólida e ágil, traz para o centro do romance a impossibilidade da lógica da linguagem responder à lógica da realidade, contrapondo o poder da comunicação ao risco da incompreensão”.

A crítica literária Maria Conceição Caleiro analisa o mais recente livro de poesia de Adília Lopes, Dias e Dias (Assírio & Alvim)  e o historiador António Araújo já leu e fez a recensão de  Salazar. O Ditador que se Recusa a Morrer, de Tom Gallagher (Dom Quixote).

Na sua crónica semanal, António Guerreiro reflectiu sobre a edição literária: “É difícil hoje ter uma visão panorâmica do mundo literário porque estamos perante um mundo completamente atomizado, composto por territórios que quase não se cruzam e, por isso, não entram em grandes hostilidades nem em polémicas.”

Por fim, neste Intervenções, livro de não-ficção de Michel Houellebecq (que já está nas livrarias portuguesas, numa edição da Alfaguara Portugal), o Prémio Goncourt em 2010 revela: “Sou normal. Um escritor normal”. Quem diria.