O festival Trengo regressa para não deixar o circo cair no “esquecimento”

Sexta edição do festival de circo contemporâneo do Porto começa esta segunda-feira e estende-se até ao fim-de-semana. Evento ocupará sobretudo a Quinta do Covelo, sendo que também haverá uma apresentação no Teatro Rivoli.

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O2 é uma criação da companhia Projectos de Intervenção Artística Lino Silva

“Podia ser literatura ou até cinema, mas é o festival de circo do Porto.” Esta é a frase que a Erva Daninha tem vindo a usar para divulgar a sexta edição do Trengo, festival de circo contemporâneo que este ano acontece sobretudo nos jardins da Quinta do Covelo (mas também no Teatro Rivoli), entre esta segunda-feira e o dia 4 de Julho. O evento, organizado por essa companhia de artes performativas e pela empresa municipal Ágora - Cultura e Desporto do Porto, regressa com 19 apresentações de dez espectáculos nacionais e internacionais, pretendendo impulsionar um leque de criadores emergentes e debater o “esquecimento a que o circo contemporâneo continua a ser remetido em Portugal”.

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“Podia ser literatura ou até cinema, mas é o festival de circo do Porto.” Esta é a frase que a Erva Daninha tem vindo a usar para divulgar a sexta edição do Trengo, festival de circo contemporâneo que este ano acontece sobretudo nos jardins da Quinta do Covelo (mas também no Teatro Rivoli), entre esta segunda-feira e o dia 4 de Julho. O evento, organizado por essa companhia de artes performativas e pela empresa municipal Ágora - Cultura e Desporto do Porto, regressa com 19 apresentações de dez espectáculos nacionais e internacionais, pretendendo impulsionar um leque de criadores emergentes e debater o “esquecimento a que o circo contemporâneo continua a ser remetido em Portugal”.

As palavras são de Julieta Guimarães, co-fundadora da Erva Daninha e responsável pela comunicação do Trengo, que a companhia criou em 2016, por ocasião do seu décimo aniversário. Ao PÚBLICO, a programadora defende a importância do festival que ajuda a organizar, sublinhando que este tenta ajudar artistas circenses em início de carreira num país que, argumenta, continua a dar “pouca atenção aos criadores nacionais”.

“Quem está neste sector ouve muitos comentários e sente muita pressão: ‘Por que é que o circo português não emigra, por que é que não circula na Europa?’ A resposta é que o circo português precisa do mesmo apoio que tem o circo da Europa Central”, assinala, afirmando que “o circo continua a ser o primo pobre” das artes em Portugal. “Basta lembrar que, no último programa de apoio sustentado da Direcção-Geral das Artes, só duas estruturas que trabalhem as artes circenses foram apoiadas, a Erva Daninha e o Teatro do Mar [companhia sediada em Sines que se movimenta entre o teatro de rua, o circo, a dança e outras disciplinas]. Como é que vamos atingir a internacionalização assim?”, questiona.

De volta à natureza

Este ano, os jardins da Quinta do Covelo, na freguesia de Paranhos, acolhem 18 das 19 apresentações do Trengo. Só Pour le meilleur et pour le pire (Na alegria e na tristeza), criação da companhia francesa Cirque Aïtal que Julieta Guimarães descreve como “o único espectáculo de grande formato” desta edição, fugirá à regra, ocupando o Teatro Rivoli no dia 30 de Junho, pelas 19h30. Este será também o único espectáculo pago (e com transmissão online): todos os momentos ao ar livre da programação são de entrada gratuita, sendo que, devido à covid-19, a lotação está limitada a 75 pessoas e os lugares têm de ser reservados atempadamente.

A programadora do festival explica que o Trengo “apoia-se muito nesta ideia de juntar os corpos à natureza, voltar ao natural, descobrir espaços verdes dentro de uma cidade super-urbana como o Porto e habitá-los”. Daí a escolha da Quinta do Covelo, cujo parque infantil já recebera o festival em 2018 — “Agora vamos entrar pela floresta adentro”, promete Julieta —, e da zona de Paranhos, freguesia onde a Erva Daninha está sediada.

Esta edição tem no programa companhias nacionais como a Projectos de Intervenção Artística (PIA), a Oliveira & Bachtler — de que também fazem parte elementos ingleses e norte-americanos — e a Quando Sais à Rua. A primeira apresentará O2 nos dias 1 e 2 de Julho (às 18h30 e 19h15, respectivamente) e a segunda traz consigo Otus Extracts (3 de Julho, às 11h e às 15h), ao passo que a terceira estreará Vinil (3 e 4 de Julho, às 17h), trabalho que, lê-se no comunicado enviado pelo festival à imprensa, é “uma metáfora sobre o disco riscado e a repetição do erro”.

Quanto à vertente internacional, passarão pela Quinta do Covelo artistas naturais de Espanha, como Irene de Paz e Xampatito Pato, e ainda a companhia franco-portuguesa O Último Momento, que em L’Autre (1 de Julho, às 19h30, e 2 de Julho, às 18h30) juntará o bailarino de hip-hop Lliasse Mjouti ao português João Paulo Santos, acrobata de mastro chinês. “Ele é a nossa estrela mais internacional”, resume Julieta Guimarães, que defende a importância do lado lúdico do Trengo. “É um festival muito familiar, e tentamos também que seja divertido. É a nossa Vitamina C para esquecermos por momentos o mono-tema da pandemia.”