Johnson chamou “incompetente” a ministro da Saúde britânico, diz ex-conselheiro

Dominic Cummings já tinha acusado o Governo britânico de ser responsável pela morte de “dezenas de milhares de pessoas que não tinham de morrer”.

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Dominic Cummings continua a fazer revelações bombásticas Toby Melville/Reuters

O antigo conselheiro especial de Boris Johnson revelou que o primeiro-ministro do Reino Unido descreveu o ministro da Saúde, Matt Hancock, como “incompetente” durante as primeiras semanas da pandemia em mensagens trocadas em Março com Dominic Cummings, segundo o próprio revelou no seu blog esta quarta-feira.

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O antigo conselheiro especial de Boris Johnson revelou que o primeiro-ministro do Reino Unido descreveu o ministro da Saúde, Matt Hancock, como “incompetente” durante as primeiras semanas da pandemia em mensagens trocadas em Março com Dominic Cummings, segundo o próprio revelou no seu blog esta quarta-feira.

Cummings, ex-assessor político de Johnson até ter saído de Downing Street no final do ano passado, partilhou revelações explosivas há menos de um mês, acusando o Governo britânico de ser responsável por milhares de mortes por covid-19.

No mês passado, no Parlamento, Cummings criticou tanto o primeiro-ministro como o ministro da Saúde, acusando o último de “mentir” sobre vários aspectos da pandemia, em especial na gestão dos focos de contágio nos lares de idosos britânicos. Hancock negou as acusações.

Desta vez, o antigo conselheiro também não poupou nas palavras para criticar Johnson e Hancock pela gestão da pandemia. Entre as várias revelações – às quais juntou imagens das supostas conversas no WhatsApp – destacou o aumento da capacidade de realizar testes de diagnóstico da covid-19 nos EUA, por comparação com o cepticismo de Hancock em relação ao cumprimento do objectivo marcado para os testes diários no Reino Unido.

O antigo conselheiro falou das dificuldades em conseguir ventiladores, que o primeiro-ministro descreveria depois como um “desastre”. Numa outra mensagem, Johnson sugeriu substituir Hancock por Michael Gove e referiu que Johnson tinha a intenção de deixar o cargo depois das próximas eleições para ganhar mais dinheiro.

Downing Street não comentou a autenticidade das conversas. Mas o porta-voz do primeiro-ministro insistiu que Hancock tem a total confiança de Boris Johnson: “O nosso foco não é examinar essas imagens específicas, mas responder às prioridades públicas” e, para isso o primeiro-ministro, “pretende realizar um inquérito público no próximo ano”.

A deputada trabalhista Angela Rayner afirmou que um inquérito público para analisar a gestão da pandemia, prometido para a próxima Primavera, era agora preciso “o mais rápido possível”. Mas Cummings não acredita que o inquérito comece num futuro próximo, porque foi “pensado para empurrar os assuntos mais delicados até o primeiro-ministro deixar o cargo”.

Jeremy Hunt, que co-lidera a comissão onde Cummings e Hancock responderam sobre a estratégia usada para combater o vírus, disse no Twitter estar céptico sobre se os documentos provavam a distorção dos eventos alegadamente feita por Hancock. Para Hunt, as mensagens mostram a frustração do primeiro-ministro, mas não provam que “mentiu”.