Ventura: “O Chega não nasceu como partido de protesto, nasceu para governar”

Deputado e líder do Chega criticou Rui Rio por “não ter conseguido fazer oposição à direita”.

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André Ventura considera que o Chega será incontornável num futuro Governo LUSA/TIAGO PETINGA

Assumindo-se como representante da “nova direita” em contraponto com a “direita clássica” (onde inclui o PSD), o presidente do Chega defendeu que o partido tem a vocação de ser Governo e colocou a força política que lidera como incontornável num futuro executivo do espaço não socialista.

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Assumindo-se como representante da “nova direita” em contraponto com a “direita clássica” (onde inclui o PSD), o presidente do Chega defendeu que o partido tem a vocação de ser Governo e colocou a força política que lidera como incontornável num futuro executivo do espaço não socialista.

André Ventura falava no encerramento da manhã de trabalhos da III convenção do Movimento Europa e Liberdade (MEL), a decorrer em Lisboa.

“O Chega não nasceu como um partido de protesto, nasceu para governar”, disse, acrescentando que essa questão será discutida no congresso do partido no próximo fim-de-semana. "É tempo de apresentar aos portugueses uma solução para governar, independentemente de o líder do PSD ser o dr. Rui Rio ou outro”, acrescentou. 

Numa intervenção em tom de comício, André Ventura quis deixar uma mensagem mobilizadora para as “direitas”, embora tenha criticado Rui Rio por ter aceitado acabar com os debates quinzenais ou por não propor uma reforma fiscal sobre a taxa única de IRS.

Recusando ser “fantoche” dos socialistas, André Ventura lançou a questão que considera colocar-se no seu espaço político e deu a resposta: “Para onde é que queremos ir enquanto direita? Queremos ir para o Governo ou ficar para trás limpar a espuma da História?”

Ao mesmo tempo que se distancia do que chamou a direita clássica – “não contem com o Chega para ser mole, para ser a direita fofinha – o deputado incentivou à união contra os socialistas. “Não digo que tenhamos todos a sair a dar as mãos, cantarmos todos juntos e a fazer uma oração, mas é tempo de os vencer, de os ultrapassar”, disse, perante a plateia da convenção onde estava o antigo líder do PSD, Pedro Passos Coelho.

Colocando o Chega como o único que “enfrenta” a esquerda, André Ventura criticou Rui Rio por “não ter conseguido fazer oposição à direita” e defende que o PSD precisa do Chega. “Não haverá um Governo de direita sem o Chega – nunca mais vai acontecer e isso será uma grande transformação”, afirmou, baseando-se nas sondagens que colocam o partido como a terceira força política. Já sobre a culpa de a direita não estar no poder, André Ventura não tem dúvidas: “É nossa, nós é que falhámos.”

Em relação aos obstáculos – aos “elefantes na sala” – para alcançar um acordo à direita, o líder do Chega apontou a sua reforma da justiça, que tem sido rejeitada por vários partidos por violar a Constituição. O deputado reconheceu que tem propostas “disruptivas” mas argumentou que tem o “povo” ao seu lado.

Aplaudido por várias vezes durante a sua intervenção, André Ventura queixou-se da “diabolização do Chega”, que considerou favorecer o PS e ser oriunda do seu próprio espaço político. “O que me custa é que essa diabolização não é feita pelas pessoas de esquerda, mas sim pelas pessoas que deviam estar a lutar connosco”.