Esta noite, e até 18 de Julho, gritam-se dramas escritos por mulheres

O Esta Noite Grita-se inicia uma nova temporada a 21 de Maio, em Lisboa, com a leitura da peça Os Aliens, de Annie Baker. Este ano, a programação é dedicada às mulheres dramaturgas, “para trazer à luz da ribalta nomes que já existem”, mas parece ficarem esquecidos.

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Sónia Godinho

A companhia artística Cepa Torta apresenta, esta sexta-feira, 21 de Maio, o primeiro texto do anual “festim de leituras” Esta Noite Grita-se, no Centro Cultural Malaposta, em Lisboa. Até 18 de Julho, actores vão interpretar textos teatrais escritos exclusivamente por mulheres, porque “a luta pela igualdade de género está longe de terminar, travando-se em muitas frentes, das quais a arte não é excepção”, afirmam os responsáveis pelo festival.

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A companhia artística Cepa Torta apresenta, esta sexta-feira, 21 de Maio, o primeiro texto do anual “festim de leituras” Esta Noite Grita-se, no Centro Cultural Malaposta, em Lisboa. Até 18 de Julho, actores vão interpretar textos teatrais escritos exclusivamente por mulheres, porque “a luta pela igualdade de género está longe de terminar, travando-se em muitas frentes, das quais a arte não é excepção”, afirmam os responsáveis pelo festival.

Em 2016, os actores Miguel Maia e Filipe Abreu começaram a fazer leituras interpretadas dos seus textos favoritos, que se tornariam, um ano mais tarde, no festim Esta Noite Grita-se. “Os textos a que tínhamos acesso eram de homens brancos, europeus e norte-americanos. E fomo-nos apercebendo disso. Éramos dois homens brancos e heterossexuais a ler textos de outros homens brancos.” Por isso, decidiram fugir da própria biblioteca, como conta, ao P3, o actor e co-director artístico do festival, Filipe Abreu.

“Fomos ‘forçando a barra’ e, ao fazê-lo, deparámo-nos com um problema: existem muito poucas traduções para português e publicações de peças escritas por mulheres.” Para motivar a apresentação ao público de textos escritos no feminino, a Cepa Torta criou o Prémio Nova Dramaturgia de Autoria Feminina, atribuído pela primeira vez, em 2021, à actriz Lara Mesquita, autora do texto Sempre que Acordo, sobre ser mulher negra, e actriz negra, em Portugal.

“Decidimos fazer toda a programação dedicada ao feminino para trazer à luz da ribalta nomes que já existem, mas parece ficarem sempre atrás de outros. Queremos dizer que é normal e possível ser dramaturga em Portugal e no mundo”, explica Filipe Abreu, de 27 anos.

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Sónia Godinho

O Esta Noite Grita-se decorrerá, em Lisboa, em três fases. Em Maio, será interpretada a peça Os Aliens, de Annie Baker. Em Junho, Justamente, de Ali Smith, e em Julho, Dias Inteiros nas Árvores, de Marguerite Duras, e Sempre que Acordo, de Lara Mesquita. Nas noites de 21 de Maio e 18 de Junho, também se grita em língua gestual portuguesa, com interpretação de Lili Grilo.

Este ano, o festim, apoiado pela Direcção-Geral das Artes, chega, ainda, ao online. O novo podcast do Esta Noite Grita-se, com episódios já disponíveis, leva, aos ouvintes de todo o país, leituras de mais peças assinadas por escritoras e dramaturgas.