Wang Bing, o olho que caminha

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O título, L’Oeil qui Marche, identifica um cineasta que dá o corpo aos ritmos e gestos das pessoas que filma. Como em ‘Til Madness do us Part (2013), quatro horas num hospital psiquiátrico: a câmara não tem outra hipótese senão correr atrás de um internado, figura de irreprimível energia; ou aquele momento em Almas Mortas (2018) em que o realizador surge reflectido num espelho, breve instante, fugidio, porque se trata de continuar a seguir o percurso de um entrevistado que atravessou um corredor onde havia um espelho; a fusão (não se trata, como bem se vê, de ausência) é radical na curta Traces (2014): a implicação física na construção de um arquivo de memória, a terra, as dunas, os ossos dos que desapareceram em campos de trabalho maoistas do Noroeste da China, entre 1959 e 1960, faz o cineasta arrastar consigo o espectador para uma aventura de dimensão épica, atingindo as proporções de dramático auto-retrato. Wang Bing é este “olho que caminha”.

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O título, L’Oeil qui Marche, identifica um cineasta que dá o corpo aos ritmos e gestos das pessoas que filma. Como em ‘Til Madness do us Part (2013), quatro horas num hospital psiquiátrico: a câmara não tem outra hipótese senão correr atrás de um internado, figura de irreprimível energia; ou aquele momento em Almas Mortas (2018) em que o realizador surge reflectido num espelho, breve instante, fugidio, porque se trata de continuar a seguir o percurso de um entrevistado que atravessou um corredor onde havia um espelho; a fusão (não se trata, como bem se vê, de ausência) é radical na curta Traces (2014): a implicação física na construção de um arquivo de memória, a terra, as dunas, os ossos dos que desapareceram em campos de trabalho maoistas do Noroeste da China, entre 1959 e 1960, faz o cineasta arrastar consigo o espectador para uma aventura de dimensão épica, atingindo as proporções de dramático auto-retrato. Wang Bing é este “olho que caminha”.