América em chamas

Olhar tenso, directo, para o lado negro da América: Judas e o Messias Negro.

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“A América está em chamas, e até esse incêndio estar extinto, nada mais tem importância”. As palavras datam de 1969 mas podiam aplicar-se aos acontecimentos dos últimos anos nos EUA, e nem é preciso muito para que Judas e o Messias Negro (videoclube NOS), história verídica dos anos do Vietname, ressoe como um filme de hoje sobre a ferida nunca sarada do racismo. Mas o filme de Shaka King sobre a história de Fred Hampton, líder dos Panteras Negras de Chicago, e Bill O’Neal, o infiltrado que o FBI encarregou de o vigiar, não precisa de o sublinhar. Basta-lhe seguir dois rumos complementares. Primeiro: instalar-se numa comunidade onde o político e o pessoal são indissociáveis dentro de uma lógica de sobrevivência (“resistência ao fascismo versus não-existência no interior do fascismo”, diz-se às tantas, hiperbolicamente), sem precisar de inventar desculpas ou edulcorar a História. Segundo, perceber quem são estas personagens, porque são como são. Tudo o resto decorre dessas duas opções, até mesmo a ideia de contar a história no interior de um drama de tons policiais (a produção acusou a influência do The Departed de Scorsese, o que vale o que vale).

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“A América está em chamas, e até esse incêndio estar extinto, nada mais tem importância”. As palavras datam de 1969 mas podiam aplicar-se aos acontecimentos dos últimos anos nos EUA, e nem é preciso muito para que Judas e o Messias Negro (videoclube NOS), história verídica dos anos do Vietname, ressoe como um filme de hoje sobre a ferida nunca sarada do racismo. Mas o filme de Shaka King sobre a história de Fred Hampton, líder dos Panteras Negras de Chicago, e Bill O’Neal, o infiltrado que o FBI encarregou de o vigiar, não precisa de o sublinhar. Basta-lhe seguir dois rumos complementares. Primeiro: instalar-se numa comunidade onde o político e o pessoal são indissociáveis dentro de uma lógica de sobrevivência (“resistência ao fascismo versus não-existência no interior do fascismo”, diz-se às tantas, hiperbolicamente), sem precisar de inventar desculpas ou edulcorar a História. Segundo, perceber quem são estas personagens, porque são como são. Tudo o resto decorre dessas duas opções, até mesmo a ideia de contar a história no interior de um drama de tons policiais (a produção acusou a influência do The Departed de Scorsese, o que vale o que vale).