Portugal financia-se a um ano a taxa de juro negativa recorde

Emissão de bilhetes de Tesouro a um ano realizada esta quarta-feira pelo IGCP manteve taxas de juro abaixo dos -0,5%.

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Daniel Rocha

Apesar da tendência de subida das taxas de juro da dívida pública que se registou nos mercados internacionais durante os primeiros meses deste ano, o Estado português conseguiu obter esta quarta-feira financiamento de curto prazo à taxas de juro mais baixa até agora registada.

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Apesar da tendência de subida das taxas de juro da dívida pública que se registou nos mercados internacionais durante os primeiros meses deste ano, o Estado português conseguiu obter esta quarta-feira financiamento de curto prazo à taxas de juro mais baixa até agora registada.

Assim, Portugal emitiu títulos de bilhete de Tesouro no valor de 1500 milhões de euros, sendo 500 milhões com um prazo de seis meses e os restantes 1000 milhões a um ano.

Na emissão de dívida a um ano, a taxa de juro a que os investidores aceitaram emprestar dinheiro ao Estado português foi de -0,527%. Um valor negativo que significa na prática que os investidores estão a pagar para emprestarem dinheiro e que é mais baixo do que o registado nas emissões com o mesmo prazo efectuadas em Fevereiro (-0,524%) e Janeiro (-0,522%), mostram os números publicados pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP).

No caso da emissão a seis meses, a taxa de juro registada (-0,552%) foi ligeiramente mais alta do que a conseguida em Janeiro (-0,554%).

Esta manutenção dos custos de financiamento de Portugal a mínimos nas emissões a prazos mais curtos ocorre depois de, em Janeiro e Fevereiro, se ter assistido a uma subida generalizada das taxas de juro da dívida pública a nível internacional, que conduziu, no caso de Portugal, a uma subida dos juros a 10 anos de valores próximos de zero para valores acima de 0,3%. A subida de taxas deveu-se à expectativa nos mercados de uma subida da inflação que possa levar os bancos centrais a retirarem algumas das medidas expansionistas de política monetária.

Nas últimas semanas, contudo, assistiu-se a um recuo parcial das taxas de juro de longo prazo da dívida, especialmente depois de o Banco Central Europeu ter anunciado que iria acelerar o ritmo das compras de dívida pública que está a efectuar.

Em Portugal, o IGCP tem aproveitado, ao longo dos últimos anos, a conjuntura de taxas de juro mais baixas, para emitir dívida em média com prazos mais longos e para garantir a existência de uma almofada de segurança que proteja o Tesouro contra uma eventual futura degradação das condições de acesso do país ao mercado, uma estratégia que tem contribuído para manter estável a avaliação das agências de rating e dos investidores sobre Portugal no meio da crise económica criada pela pandemia.