Rush Limbaugh, o inflamado comentador da direita radical nos EUA, morreu aos 70 anos

Rush Limbaugh era famoso pelos seus programas de rádio, onde difundia ideias radicais que viriam a influenciar o rumo do Partido Republicano. Foi um enorme crítico de Barack Obama e fervoroso apoiante de Donald Trump. Morreu vítima de cancro dos pulmões.

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Rush Limbaugh recebeu a medalha da Liberdade em Fevereiro de 2020 Reuters/Tom Brenner

O comentador de direita radical norte-americano Rush Limbaugh morreu esta quarta-feira vítima de cancro nos pulmões, noticiou a Fox News.

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O comentador de direita radical norte-americano Rush Limbaugh morreu esta quarta-feira vítima de cancro nos pulmões, noticiou a Fox News.

“Sei que não sou o Limbaugh que esperavam ouvir hoje. É com profunda tristeza que tenho de partilhar directamente convosco que o nosso amado Rush, o meu maravilhoso marido, morreu esta manhã devido a complicações causadas pelo cancro nos pulmões”, anunciou Kathryn Limbaugh no programa de rádio de Limbaugh

Rush Limbaugh, de 70 anos, era conhecido pelos seus programas radiofónicos e pela influência que exerceu sobre o rumo do Partido Republicano, particularmente devido às suas posições radicais de direita, fortemente envolvido em guerras culturais contra feministas, liberais, democratas ou ambientalistas, os principais alvos da sua retórica inflamada. 

O comentador de direita radical, um ávido fumador, anunciou no início de 2020 que sofria de cancro dos pulmões. Em Fevereiro desse ano, foi premiado por Donald Trump com a medalha da Liberdade, a mais alta distinção civil atribuída nos Estados Unidos, tendo a medalha sido colocada ao pescoço de Limbaugh pela então primeira-dama Melania Trump. 

Limbaugh foi um fervoroso apoiante de Donald Trump. Esteve sempre ao lado do ex-Presidente nos ataques aos imigrantes, principalmente aos de origem muçulmana, na defesa da diminuição dos impostos, nas críticas ao Obamacare e na negação das alterações climáticas. 

Tal como Trump, também desvalorizou a gravidade da pandemia de covid-19 e considerou como conspirativas as alegações sobre a interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016. Foi também um dos principais divulgadores das falsas alegações de que o ex-Presidente Barack Obama não nasceu nos Estados Unidos, tese amplamente difundida por Trump anos antes de concorrer à presidência

Momentos após o anúncio da morte de Rush Limbaugh, Donald Trump deu uma entrevista à Fox News em que recordou o comentador da direita radical norte-americana como um “lutador” e uma “lenda”. “Ele foi muito corajoso. Lutou até ao fim”, disse o ex-Presidente. 

Na primeira entrevista que deu desde que abandonou a Casa Branca, Trump disse ainda que conversou recentemente com Limbaugh e que ambos falaram sobre o resultado das eleições presidenciais.

“O Rush achava que nós tínhamos vencido, tal como eu, já agora. Acho que vencemos substancialmente”, disse Trump voltando a insistir que ganhou as eleições presidenciais, apesar de esta tese ter sido desmentida dezenas de vezes pelos tribunais.

Idolatrado pela direita

“Incrivelmente sarcástico e sempre combativo”, conforme descreve o The New York Times, Rush Limbaugh notabilizou-se na década de 1980, no final da presidência do republicano Ronald Reagan, com um estilo provocador e um discurso inflamado, que viria a ditar a tendência radical seguida depois por várias franjas do Partido Republicano, até se tornar dominante.

O seu The Rush Limbaugh Show, que se estreou em 1988, era seguido por milhões de norte-americanos fiéis ao comentador de direita radical, tendo chegado a atingir audiências de 15 milhões de pessoas, contribuindo para a polarização da sociedade norte-americana com as suas declarações racistas e misóginas, bem como pela defesa de teorias da conspiração, sendo idolatrado por uma boa parte da direita norte-americana. 

Rush Limbaugh atingiu o seu auge de popularidade durante a presidência de Barack Obama, um dos alvos principais dos seus ataques, o que, escreve o New York Times, elevou o comentador, pelo menos durante algum tempo, a líder de facto do Partido Republicano.

Com a chegada de Trump ao poder, tornou-se um fervoroso apoiante do ex-Presidente, que considerou como o resultado de uma “revolta do povo contra Washington e contra o establishment”, conforme disse no início deste mês, numa das suas últimas aparições no seu programa de rádio,

Mesmo depois de Trump perder as eleições de Novembro do ano passado para Joe Biden, Rush Limbaugh manteve o apoio ao ex-chefe de Estado norte-americano e foi um dos defensores das suas teses de fraude eleitoral, rejeitadas dezenas de vezes em tribunal.

Além disos, não só desvalorizou a invasão do Capitólio por apoiantes do ex-Presidente norte-americano, que causou a morte de cinco pessoas, como a comparou à rebelião dos colonos norte-americanos contra o Império Britânico no século XVIII.

Rush Limbaugh sofreu vários problemas de saúde ao longo da sua vida, entre eles a perda de audição, revertida com um implante coclear, bem como a adição a analgésicos, que o obrigou a fazer reabilitação em 2003.